Deixados ao Deus Dará – por Mónica Brasil

 

Desde que me lembro, sempre tive são Jorge como minha casa.

Desde criança ansiava ir estudar para poder regressar e trabalhar na minha terra natal…e estou certa que ao falar, falo por todos os nossos jovens, que crescem criando expetativas sobre o seu regresso a casa, embalados em promessas sobre criação de condições para tal. Acabando por descobrir que essas promessas eram só e apenas mais promessas.

Vivo hoje com um sentimento contraditório; por um lado feliz, por ter realizado o sonho de regressar e trabalhar em casa; por outro entristece-me ver como São Jorge e os seus filhos estão deixados ao abandono.

Trabalho de perto com diferentes faixas etárias, dos 0 ao 100. Impressiona-me ver cada uma delas. Suas formas de pensar…  seus sonhos… suas recordações.

Vejo crianças brincando felizes…jovens com a esperança de um futuro risonho na terra que os viu crescer…  e idosos que falam com saudade da sua juventude, relembrando que bastava a «rapaziada» juntar-se para que se fizesse logo uma festa.

A “rapaziada”….. a “rapaziada” e não consigo evitar pensar que São Jorge já conseguiu ser uma casa para os seus jovens, à altura do que eram as suas necessidades de então.

Passados muitos anos e o tempo das “vacas gordas”, São Jorge pouco mais tem do que tinha. O dinheiro foi gasto ao desbarato para se mostrar obra feita. Temos portanto edifícios fechados que em nada e para nada nos servem. Dinheiro investido em cimento em vez de pessoas.

Vergonha da nossa terra termos escolas primárias totalmente remodeladas e de portas fechadas… gares marítimas inauguradas a servirem apenas de ninho aos pássaros que ali passam, entre muitos outros que servem apenas para tapar o sol com a peneira.

Paletes e paletes de cimento passadas São Jorge continua uma ilha igual ao que era há anos atrás…sem mais nada de novo a oferecer aos seus jovens.

Mas tenho ainda a esperança de que dias melhores virão. O futuro está nas mãos dos que o anseiam. Está, portanto nas mãos de cada um de nós!!!

Irei por isso levantar a minha voz, sempre e acima de tudo a favor do meu futuro, a favor de São Jorge….do futuro que nos pertence, que é nosso por direito.

Acredito que dias melhores virão…que a união faz a força e que não devemos baixar os braços. O nosso rumo somos nós que o traçamos, e agora é a hora traçar um novo rumo.

Por nós… Por São Jorge…esta nossa terra, em tempos o berço de muitos…. mas hoje a casa de poucos….

 

 

 

 

 

 

Mónica Brasil

 

 

 

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