O candidato das ideias alheias – Crónica Tiago Matias

As eleições autárquicas aproximam-se e com elas todo um frenesim político, característico.

Na Câmara Municipal de Ponta Delgada temos hoje um presidente que herdou um legado difícil de gerir, fruto da sua predecessora cuja gestão não foi, convenhamos, a ideal – particularmente do ponto de vista financeiro. Isto poderia ser a premissa de um bom augúrio. Porém, infelizmente, não o é.

O Dr. José Manuel Bolieiro tem seguido um rumo diferente na sua gestão. Mas não deixa de ser importante recordar o seguinte: José Bolieiro foi o vice-presidente de Berta Cabral durante três anos. Então porque não implementou as medidas que tem vindo a promover ao longo dos últimos seis meses? Ou porque é que não se debateu por elas, no mínimo? Porque permitiu o município seguir na senda do endividamento? A resposta é simples; o agora assumidamente candidato autárquico do PSD/A a Ponta Delgada está empenhado numa tentativa de branquear o seu passado político e sacudir responsabilidades.

Numa análise, mesmo que superficial, verificamos que José Bolieiro foi “beber” muitas das suas medidas às propostas do PS/A para Ponta Delgada, ao longo dos anos.

Vejamos.

Bolieiro afirma que é “hora é de arrancar com uma estratégia impulsionadora que envolva todos os agentes com interesse no desenvolvimento da cidade”. O PS/A defende isto desde pelo menos 2005 – o diagnóstico está feito, é hora de passar aos atos.

Bolieiro diminuiu a sobrecarga fiscal e de taxas municipais sobre o negócio, a ocupação do espaço público e o licenciamento de obras particulares. São estas reinvindicações precisamente do PS/A desde há quase uma década.

O candidato do PSD afirmou que “o tempo da autarquia andar de costas voltadas para o Governo Regional tem de passar”. Ninguém objetou mais a postura de “orgulhosamente sós” que Berta Cabral inculcou no município de Ponta Delgada, que o PS/A. Aliás, esta lógica concorrencial não tem o mínimo sentido. Independentemente das cores políticas, freguesias, autarquias e governo regional têm de trabalhar em articulação, em prol de quem realmente conta – a população.

 José Manuel Bolieiro quer agora apostar na “coesão territorial e social, descentralizando e reforçando os meios financeiros de todas as freguesias de Ponta Delgada”. Esta última frase é praticamente tirada a papel químico do discurso de anúncio de candidatura do candidato socialista, o Dr. José Contente.

Por outro lado o facto de José Contente estar já a apresentar propostas tão concretas, a sensivelmente meio ano das eleições, é prova de que o candidato socialista está empenhado em soluções que tirem o município de Ponta Delgada do marasmo em que este se encontra. O facto de José Contente defender os apoios sociais em detrimento do investimento em infraestruturas é prova de que o PS/A apresenta um candidato sensível aos tempos difíceis em que vivemos. O facto de José Bolieiro vir nesta altura – estrategicamente – fazer uma aproximação aos ideais de esquerda apenas prova que Bolieiro é um verdadeiro candidato das ideias alheias.

 

Tiago Matias

Tradutor

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