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Quase todo o material de guerra furtado em Tancos encontrado após três meses e meio

Quase todo o material militar de guerra furtado nos paióis de Tancos, Santarém, foi recuperado hoje a 21 quilómetros do local, cerca de três meses e meio depois de o Exército ter divulgado o roubo, em 29 de junho.

O trabalho de verificação do material encontrado ainda não está concluído, mas já é possível confirmar que faltam as munições de 9 milímetros, disse à Lusa fonte ligada à investigação.

Numa primeira reação, fonte oficial do Ministério da Defesa Nacional assinalou a relevância da recuperação do material e frisou que é preciso aguardar pela “conclusão da investigação criminal em curso para se conhecerem todos os contornos relativos ao furto”.

O PS requereu uma audição parlamentar do ministro da Defesa Nacional, com caráter de urgência. Contactado pela Lusa, o gabinete de Azeredo Lopes disse que o governante “está sempre disponível”.

A Polícia Judiciária Militar (PJM) anunciou hoje de manhã, em comunicado, que recuperou esta madrugada na região da Chamusca, a 21 quilómetros da base militar de Tancos, o material de guerra furtado, em colaboração com o núcleo de investigação criminal da Guarda Nacional Republicana de Loulé.

O material recuperado foi transportado para os Paióis de Santa Margarida, à guarda do Exército, onde está a ser realizada a peritagem para a identificação mais detalhada.

A PJM adiantou que informou o ministro da Defesa Nacional, Azeredo Lopes, e o Departamento Central de Investigação e Ação Penal “das diligências em curso”.

No parlamento, o líder do PSD, Passos Coelho, afirmou esperar explicações do Governo e o assumir das responsabilidades, classificando o furto como “outro caso de falhanço do Estado”, embora “menos grave”.

Também em declarações aos jornalistas no parlamento, o BE reiterou o pedido de que seja desenvolvido e apresentado um relatório sobre o furto de armas em Tancos, sublinhando que tal é necessário para devolver a “confiança” aos portugueses sobre esta matéria.

O desaparecimento de material de guerra nos paióis de Tancos, uma instalação crítica do Exército, abalou a instituição militar e o Governo, com a oposição a reclamar responsabilidades políticas e o Presidente da República a exigir por várias vezes uma rápida investigação.

Entre o material roubado encontravam-se granadas de mão ofensivas, munições de calibre de nove milímetros, granadas foguete anticarro, granadas de gás lacrimogéneo e explosivos.

Descrito pelo chefe do Estado-Maior General das Forças Armadas, Pina Monteiro, como “um soco no estômago”, o desaparecimento das armas levou à exoneração de cinco comandantes de unidades com intervenção em Tancos, readmitidos em funções duas semanas depois.

O “caso de Tancos” provocou duas demissões de peso no Exército, em julho, (Antunes Calçada e António Menezes) com graves consequências na hierarquia, obrigando a uma reorganização interna na estrutura superior de comando, que aguarda ainda por autorizações do ministério da Defesa e das Finanças para suprir as vagas.

Dias depois de ser divulgado no furto, o Presidente da República e Comandante Supremo das Forças Armadas visitou o local e exigiu uma investigação para “apurar tudo, de alto a baixo, até ao fim, doa a quem doer”.

A Procuradoria-Geral da República (PGR) anunciou a abertura de um inquérito por suspeitas de associação criminosa, tráfico de armas internacional e terrorismo.

A investigação, num primeiro momento a cargo da Polícia Judiciária Militar, passou a ser liderada pela Polícia Judiciária com a colaboração da PJM.

A comissão de Defesa Nacional assumiu protagonismo no acompanhamento e fiscalização política da ação do Governo neste processo, com sucessivos pedidos de informação ao ministro da Defesa, que tem considerado insuficientes.

O caso teve repercussões políticas importantes com a líder do CDS-PP, Assunção Cristas, a exigir a demissão do ministro da Defesa logo no dia 03 de julho, uma posição que já reiterou por várias vezes.

No auge da polémica, António Costa manifestou confiança política em Azeredo Lopes, considerando que “exerceu as suas funções”. Ao mesmo tempo, declarou-se solidário com as chefias militares.

No início de setembro, afirmações do ministro Azeredo Lopes numa entrevista ao DN e à TSF dizendo que “no limite, pode não ter havido furto”, referindo-se à ausência de provas, provocaram polémica, com os partidos a reclamarem explicações no parlamento.

Açores 24Horas / LUSA
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