“A Europa está refém dos EUA”, afirma Francisco Seixas da Costa

A visita à Base das Lajes marcou o segundo dia do II Fórum Roosevelt, que decorreu hoje na cidade da Praia da Vitória.

O conjunto de sessões debruçou-se sobre o tema das grandes potências emergentes no contexto mundial, destacando-se também a intervenção do embaixador de Portugal em França, Francisco Seixas da Costa, sobre “A Europa e a Política Externa da Administração Obama”.
 
A intervenção de Seixas da Costa focou-se no impacto da administração Obama: “A genialidade do discurso de Obama, a sua capacidade de renovar algumas reservas de esperança que pareciam esgotadas nas gerações actuais, constitui um elemento interessantíssimo” em termos de diplomacia política e em termos da imagem de um país que rapidamente se projecta em todo o mundo.
 
Relativamente ao contexto da relação transatlântica, Seixas da Costa chamou à atenção para o que diz ser duas evidências: De que a Europa sem os Estados Unidos não tem qualquer hipótese de, “na sua acção externa, poder impor internacionalmente a sua agenda ética de valores” sem o apoio norte-americano; E, para actuar à escala global “necessita de instrumentos de natureza multilateral – leia-se, Nações Unidas, onde a boa vontade americana é essencial”. O Embaixador concluiu: “A Europa está, goste ou não goste de assumi-lo, refém dos EUA na sua expressão no quadro global”.
 
Parafraseando Hubert Védrine, Seixas da Costa disse que “se a Europa olhava em tempos para os Estados Unidos como a ‘hiper-potência’, acho que Washington, de forma bem realista, olha para a União Europeia de hoje como uma verdadeira ‘hiper-impotência’.
 
Seixas da Costa abordou, também, a política europeia e os equilíbrios entre os vários países membros. Quanto à adesão da Turquia à União Europeia afirmou que, apesar da Turquia preencher os critérios de Copenhaga, para aderir será preciso tempo para ponderar, mesmo porque, segundo o tratado de Lisboa que valoriza o peso das decisões dos países pela densidade demográfica, a Turquia tornar-se-ia decisiva.
 
A emergência de novas potências como o Brasil, China e Índia, e o impacto das comunidades luso-descendentes nas relações entre a Europa e os EUA foram também temas debatidos durante a tarde.
 
O II Fórum Roosevelt, aberto ao público, decorre até amanhã, 16 de Abril, contando com a participação do ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, que será responsável pela conferência de encerramento do Fórum, no Palácio dos Capitães Generais.

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