O bastonário da Ordem dos Farmacêuticos, Maurício Barbosa, defendeu hoje uma auditoria técnica e uma avaliação económica da dispensa de medicamentos em unidose nos Açores, realçando que só agora este mecanismo funciona de forma legal.
“A segurança e a qualidade dos medicamentos que são dispensados à população têm de ser acauteladas”, afirmou o bastonário em declarações aos jornalistas em Angra do Heroísmo, no final de uma reunião com o secretário regional da Saúde, Miguel Correia.
Maurício Barbosa admitiu ter “algumas reservas sobre questões técnicas”, dando como exemplo a forma como será feita a “rastreabilidade dos medicamentos”, pelo que defendeu que o Governo Regional peça uma auditoria técnica a uma entidade independente.
O secretário regional da Saúde considerou que a proposta está “em consonância” com as intenções do executivo, salientando que “o Hospital de Ponta Delgada quer avançar para uma certificação da qualidade dos seus serviços farmacêuticos”.
O Hospital de Ponta Delgada arrancou este mês com a dispensa de medicamentos em unidose, que estará também disponível a partir de quarta-feira no Hospital de Angra do Heroísmo e deverá chegar ao Hospital da Horta ainda durante o primeiro semestre deste ano.
Nas declarações que hoje prestou aos jornalistas, Maurício Barbosa frisou ter também dúvidas sobre as vantagens económicas da unidose, considerando que “só faz sentido haver um segundo modelo de distribuição e dispensa de medicamentos se, de facto, tiver benefícios no plano económico para o Sistema Regional de Saúde e para os utentes”.
“Deveria ser aperfeiçoado o sistema que temos e não entrar num segundo sistema, que envolve investimentos muito significativos, desde logo em recursos humanos, em maquinaria e em infraestruturas, que o Governo tem de assumir”, frisou.
Nesse sentido, propôs uma avaliação dos resultados da dispensa de medicamentos em unidose quando se completar um ano sobre a sua implementação, proposta que foi aceite por Miguel Correia.
“Uma avaliação económica também se impõe. Nós estamos a adotar a unidose nos Açores, porque entendemos que vai trazer poupança nas comparticipações e que traz benefícios às pessoas”, frisou o secretário regional da Saúde.
A Ordem dos Farmacêuticos viu “com maus olhos” que a dispensa de medicamentos em unidose tivesse entrado em vigor nos Açores antes de ter sido publicada a sua regulamentação, mas o bastonário frisou hoje que a situação já está regularizada.
“O decreto regulamentar foi publicado mais tarde, há poucos dias foi publicada a portaria, agora sim há regras publicadas sobre a forma de diplomas legais que enquadram toda esta matéria”, afirmou.
