Agricultores biológicos da Terceira contra milho geneticamente modificado

feira-trocas2Os produtores da Terceira, Açores, estão “preocupados” com as experiências que, alegadamente, estão a decorrer em duas explorações desta ilha para a produção de milho geneticamente modificado, afirmou hoje à Lusa um especialista local em agricultura biológica.
“Suspeitamos de que duas explorações agrícolas do norte da ilha Terceira foram seduzidas para uma experiência que condenamos, uma vez que o nosso objectivo é os Açores serem uma região livre de organismos geneticamente modificados”, frisou Avelino Ormonde, produtor biológico há 13 anos e formador sobre agricultura biológica.

Na sequência desta preocupação, está marcada para o final do dia de hoje uma reunião de vários produtores de agropecuária, hortofrutifloricultura e mel, durante a qual será discutida a eventual adopção de “acções que não levantem confrontações, mas eliminem o problema”.

“A tentativa de fazer a experiência terá começado na ilha Graciosa mas, como é um meio muito pequeno e reserva da Biosfera, voltaram-se para a Terceira”, afirmou Avelino Ormonde.

A preocupação dos produtores da Terceira surge numa altura em que decorre na Internet uma petição que visa proibir o uso de organismos geneticamente modificados nos Açores.

Os promotores salientam que o arquipélago se destaca pela singularidade no que respeita às práticas da actividade agrícola, caracterizadas por uma associação com os valores naturais e agro-ambientais.

Nesse sentido, salientam que as ilhas açorianas são uma zona rica em agricultura tradicional, onde se destacam pela qualidade produtos regionais certificados como a meloa de Santa Maria, o ananás de S. Miguel, o alho da Graciosa, as laranjas da Terceira ou os vinhos do Pico.

As produções de milho geneticamente modificado que estarão em experiência na Terceira, segundo Avelino Ormonde, “contêm o BT-Bacillus Turigensis, que é usado como inseticida por muitos agricultores biológicos, por ser muito ácido e seletivo para combater as lagartas”.

Avelino Ormonde recordou que “nos EUA foram feitos testes em plantações de algodão e, ao fim de 10 anos, apareceram bolinhas amarelas e alaranjadas no solo, que se provou serem concentrações de bacilos BT”.

“Até que se prove que os organismos geneticamente modificados são inócuos, queremos que os Açores sejam livres, para garantir produtos com marcas saudáveis e, por isso, o objetivo é não permitir a sua utilização nas ilhas”, frisou.

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