Apreendidos milhares de medicamentos falsos

Milhares de medicamentos falsos são anualmente apreendidos nas alfândegas portuguesas. Gesso e tinta podem fazer parte destes fármacos, encomendados pela internet por consumidores que não querem dar a cara ou procuram um “milagre” e, por isso, arriscam a vida.

O negócio preocupa a autoridade que regula o setor do medicamento, o Infarmed, que, desde o ano passado, tem uma parceria permanente com as alfândegas, por onde passam as encomendas feitas pela internet e que chegam por correio – e algumas são apreendidas.

Segundo o vice-presidente do Infarmed, Helder Mota Filipe, todos os dias são apreendidas nas alfândegas 14 embalagens “que resultam em mais de um milhar de unidades de comprimidos, cápsulas, etc”.

Depois de apreendidos, alguns destes medicamentos adquiridos de forma ilegal – via internet e por sites não autorizados – são estudados, e o que o Infarmed encontra nesta análise, leva o seu vice-presidente a concluir que os consumidores “estão a correr riscos de saúde”.

Em entrevista à Agência Lusa, Helder Mota Filipe disse que, na composição destes fármacos, pode haver muitas surpresas: “Pode estar uma sustância [ativa] diferente, uma quantidade distinta à anunciada na embalagem ou um conjunto de impurezas que não sabemos o que é”.

Potencialmente, estas pessoas “podem correr risco de vida”, pois não ingerem o medicamento necessário para a sua saúde ou consomem um fármaco que pode conter substâncias tóxicas.

Helder Mota Filipe enumera casos graves, como o de um medicamento contra a disfunção erétil que, para imitar a cor azul do original, era pintado com tinta de parede, ou outros que têm gesso na sua composição.

Além da disfunção erétil, estes medicamentos ilegais são essencialmente procurados para o emagrecimento – nomeadamente fármacos manipulados e oriundos do Brasil –, mas também de “classes terapêuticas mais nobres do ponto de vista do efeito”, como antibióticos ou medicamentos para doenças cardiovasculares.

Na lista dos mais procurados – e encontrados nas alfândegas – estão também medicamentos contra o cancro, para o sistema nervoso central, contra a hipertensão, anti-inflamatórios, hormonas esteroides, para o aparelho génito-urinário ou para o aparelho respiratório. Começam igualmente a ser detetados anti-retrovirais (contra o VIH/Sida).

Apesar da gravidade dos efeitos que o consumo destes produtos pode ter, dificilmente as autoridades controlam a sua manifestação, pois os doentes não dão a conhecer aos médicos que obtiveram um fármaco por outra via que não a legal.

Questionado sobre os riscos da crise económica potenciar este mercado, Helder Mota Filipe não revelou especial preocupação, uma vez que, em alguns casos, o fármaco encomendado pela internet “chega a ser mais caro”.

 

Lusa

Pub

DEIXE UMA RESPOSTA

Please enter your comment!
Please enter your name here