Arborização de pastagens na Graciosa vai aproveitar nevoeiros para abastecer aquíferos

As pastagens degradadas da zona mais alta da Graciosa, nos Açores, estão a ser florestadas para, através das árvores, aproveitar o nevoeiro para o abastecimento dos aquíferos subterrâneos, colmatando assim alguns problemas de água que tem esta ilha.

 

O projeto de arborização das pastagens degradadas e baldias abrange o exterior da zona da Caldeira da Graciosa e está já instalado um “povoamento florestal” de um hectare, sendo o prazo previsto para a conclusão desta fase piloto dois anos, segundo as informações dadas à Lusa pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais.

“Sendo a ilha Graciosa uma das que regista maiores problemas ao nível da disponibilidade de água, é importante que se promovam alterações no uso do solo que potenciem a captação e armazenamento de água”, disse o secretário regional dos Recursos Naturais, Luís Neto Viveiros, durante uma recente visita àquela zona.

O objetivo, a longo prazo, explicou, é transformar “áreas com elevadas capacidades de captação de nevoeiros, favorecendo assim o abastecimento dos aquíferos e o encaminhamento das escorrências, através do sistema de drenagem do Caminho Florestal da Caldeira, para charcos artificiais a construir”.

Segundo a Secretaria Regional dos Recursos Naturais, “existem estudos que comprovam que a existência da floresta contribui para a interceção de nevoeiros nas zonas altas, fenómeno que pode mesmo fazer triplicar os valores da precipitação num determinado território”, sendo conhecido como “precipitação oculta”. Assim, mesmo durante longos períodos sem chuva, é possível haver uma constante recarga dos aquíferos, desde que haja nevoeiros e árvores e plantas que os consigam captar.

A arborização destas zonas será feita com espécies endémicas dos Açores, por serem “extremamente eficazes no cumprimento destas funções”, ainda segundo as informações sobre o projeto disponibilizadas à Lusa.

Além da arborização, estão em curso trabalhos para melhorar a rede de drenagem do Caminho Florestal da Caldeira e construir um charco para armazenamento das águas.

O Núcleo florestal da Caldeira, integrado no Perímetro Florestal da ilha Graciosa, tem 196 hectares, sendo cerca de 80 pastagens baldias cuja utilização é facultada pelas autoridades públicas aos produtores de gado.

O projeto em curso pretende arborizar as pastagens de pior qualidade e melhorar as áreas com “maior potencial produtivo”, através da instalação das chamadas “cortinas de abrigo” (sebes constituídas por plantas ou árvores, colocadas em faixa, para proteger terrenos).

A taxa de arborização na Graciosa é de apenas 16%, segundo dados oficiais, e daí a aposta nestes projetos de florestação que têm impactos positivos ao nível da “interceção de nevoeiros e aumento da água disponível, proteção dos animais nas áreas de pastagem e aumento da produção forrageira”, segundo a Secretaria Regional dos Recursos Naturais.

Também na ilha do Corvo o governo açoriano está a desenvolver, em parceria com a câmara municipal de Vila Nova do Corvo, um projeto semelhante de beneficiação das pastagens baldias, que prevê a instalação de 23.270 metros de “cortinas de abrigo” e “corredores de proteção à rede hidrográfica”.

 

Lusa

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