Artesã açoriana alia tradição e inovação às escamas de peixe

escamaÀ técnica tradicional açoriana de trabalhar as escamas de peixe, a artesã açoriana Leovigilda Lima juntou cor e muita criatividade, criando peças únicas como anéis, brincos, colares e argolas de guardanapo que vende por encomenda para todo o mundo.

“Comecei a trabalhar como um ‘hobby’ em 2008. Fui desenvolvendo e como achei que a escama de peixe não podia ficar só pelo tradicional, fui aplicando criatividade”, afirmou Leovigilda Lima, empresária em nome individual há já sete anos e que está a tratar da certificação das suas peças artesanais.

Fonte do Centro Regional de Apoio ao Artesanato disse à Lusa que a arte de trabalhar as escamas de peixe faz parte de “uma tradição que tem passado de geração em geração” no arquipélago, tendo sofrido “uma grande evolução a partir da década de 80 (do século XX) com o incremento do número de turistas nas ilhas”.

Além das escamas de peixe, também estão certificados nos Açores como produtos regionais de artesanato as rendas, a tecelagem, os registos do Santo Cristo entre outros, um galardão que existe desde 1998 e garante ao consumidor a origem e qualidade do produto artesanal comprado.

Estão registadas no Centro Regional de Apoio ao Artesanato 39 artesãs no ativo que efetuam trabalhos em escama de peixe nas ilhas de S. Miguel, Terceira, Pico, Faial, Graciosa e Flores.

Leovigilda Lima procurou alargar o leque das suas peças para além das tradicionais redomas e quadros feitos em escamas de peixe brancas, apostando na originalidade e introdução de cores variadas, para ir ao encontro do que os clientes procuram nas decorações atuais.

“Faço arranjos de castiçais, aplico escamas aos presépios de lapinha, faço arranjos para centros de mesa, decorações de casamento e batizado”, referiu a artesã, acrescentando que também faz colares, anéis, brincos e argolas de guardanapo, entre outras peças.

Ao contrário de outras artesãs açorianas, Leovigilda Lima optou por tingir as escamas de peixe com que trabalha para melhor fixar as várias cores, assegurando que assim “não desbota” e “duram uma vida”.

“Faço a preparação da cor consoante a pessoa precisa e gosta. Aplico na escama e depois faço o trabalho”, referiu, acrescentando que “a técnica de trabalhar a escama é a tradicional”.

Antes de iniciar o processo criativo e a montagem, tem de recolher as escamas em peixarias ou entre os amigos que consomem peixe, lavá-las durante vários dias, esfregá-las bem e depois deixar secar.

Segundo disse, o segredo para a escama nunca partir é deixá-la secar bem ao escuro e nunca na claridade.

“A escama depois de estar bem seca, bem tratada, não parte. Mas se a escama não for bem tratada, parte. Também tem um pormenor: na desova do peixe, a escama parte com muita facilidade. Temos de ter essa atenção e perceber se o peixe está na fase da desova”, afirmou Leovigilda Lima, que já tem vendido trabalhos por encomenda para o estrangeiro.

Todo este trabalho artesanal requer muita minúcia, delicadeza e tempo, sendo certo que nunca há dois trabalhos iguais.

“Por mais que esteja ao lado um do outro, sai sempre diferente. A montagem é sempre diferente. A mão não consegue fazer igual de maneira nenhuma”, confessou Leovigilda Lima, que junta às escamas canotilho de prata ou ouro.

 

Lusa

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