Auditor pediu “carta conforto” ao Governo dos Açores para validar contas da SATA de 2014

O auditor das contas da SATA de 2014 considera que “a continuidade” da empresa “depende do apoio do acionista”, o Governo Regional dos Açores, a quem pediu uma “carta conforto” para validar as contas do ano passado.

O presidente da direção da empresa de consultadoria e auditoria PriceWaterHouseCoopers (PWC), António Oliveira, foi ouvido na quarta-feira à noite na comissão de inquérito à situação da SATA do parlamento dos Açores, tendo dito aos deputados que a empresa pediu a “carta conforto” dada a dimensão dos prejuízos da companhia aérea em 2013 e 2014 e por ter atingido capitais próprios negativos.

“Atendendo aos prejuízos que teve durante dois anos seguidos e ao capital próprio, a continuidade está dependente do apoio do acionista. Precisa desse apoio e portanto o acionista teve de nos confirmar por carta, carta conforto, que vai continuar a apoiar a SATA na satisfação dos compromissos da companhia para o futuro”, afirmou.

António Oliveira explicou que a SATA nomeou a PWC para auditar as suas contas de 2014 segundo as normas internacionais de contabilidade, atualizar os resultados de 2013 ao abrigo dessas normas e refletir nos resultados do ano passado “a correção” das reservas apontadas pelo auditor (que foi, em 2013, outra empresa).

Depois de tudo isso feito, o prejuízo da SATA de 2013 aumentou de 15,75 milhões de euros para 30 milhões e os capitais próprios da companhia passaram de 9 milhões de euros para 19 milhões negativos. Para isso contribui, por exemplo, uma reavaliação da frota da SATA Internacional que tinha merecido reservas ou provisões que não tinham suporte económico, explicou ainda o auditor.

Quanto às contas de 2014, que revelam prejuízos de 35 milhões de euros, serão validadas pela PWC ainda com algumas reservas, estando uma delas relacionada com o pagamento das dívidas que o Governo dos Açores tem à SATA desde 2012.

António Correia revelou que a dívida total do Governo açoriano a 31 de dezembro era 53 milhões de euros, porque aos 45 milhões revelados pelo presidente da empresa, Luís Parreirão, na quarta-feira, há que somar mais oito milhões relativos aos aeródromos.

Nos primeiros meses de 2015, o executivo açoriano saldou perto de 10 milhões de euros destas dívidas, mas a PWC diz não haver garantia de quando serão pagas na totalidade. A este propósito revelou que também o Governo nacional saldou já este ano dez milhões de euros dos 18 que estava a dever à SATA no final de 2014.

Ao longo de várias horas de audição, o deputado do PS Francisco César questionou o diretor da PWC sobre os motivos que terão levado “ao descalabro” da empresa de um ano para o outro, lembrando que ainda em 2012 a SATA teve um lucro de alguns milhares de euros.

O socialista lembrou que além de ser agora o auditor das contas da SATA, a PWC fez já vários relatórios para a empresa, incluindo um de 2013 sobre a situação económica e financeira da companhia aérea num período entre 2011 e 2013.

No entanto, António Oliveira referiu que esse relatório, que vai ser enviado aos deputados, foi feito com base em dados fornecidos pela SATA, mas não auditados pela PWC, dizendo que não responde por contas e números da transportadora anteriores a 2013 e recusando, assim, fazer análises ou considerações sobre que fatores foram determinantes para os elevados prejuízos.

António Oliveira disse, por outro lado, que o plano de negócios da SATA até 2020, apresentado em janeiro, foi feito pelo conselho de administração da companhia aérea e que a PWC foi apenas consultada sobre a forma de o elaborar, não tendo sido chamada a validar os dados e estimativas que contém.

Por outro lado, revelou que a SATA não pediu à PWC relatórios trimestrais de acompanhamento da execução desse plano, o que levou os deputados do PSD a destacar que não foi isso que afirmou, na mesma comissão, Luís Parreirão.

 

Lusa

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