Blogosfera cresce, enquanto blogues antigos perdem ‘gás’

blogTodos os dias surgem milhares de novos blogues na internet.

Dez anos depois de criada a plataforma que permitiu a generalização dos blogues – o blogger – há cada vez mais utilizadores da internet a começar um blogue. E as ilhas não fogem à tendência mundial.

 

 

Desde que começaram a surgir os primeiros blogues escritos a partir dos Açores, em 2003, a blogosfera açoriana não parou de crescer. E o cenário não poderia ser mais heterogéneo.

 

 

Há blogues para todos os gostos: aos blogs generalistas onde cabem todos os assuntos, juntam-se blogues temáticos, onde os autores postam sobre os seus temas preferidos. Mas há também instituições que aproveitando a gratuitidade da utilização das plataformas de blogues, criam os seus próprios blogues para passarem a estar acessíveis na internet. Basta ir ao mais conhecido agregador de blogues dos Açores, o Planeta Açores, para ficar com uma ideia.

 

 

A política, contudo, ganha terreno na blogosfera generalista. Há bloggers que ocupam cargos na estrutura do Governo Regional, nas bancadas do parlamento regional, nas autarquias, ou na estrutura dos partidos. E, é muitas vezes na blogosfera que tentam fazer valer as suas ideias, à parte do debate nos órgãos instituidos. À semelhança do que acontece a nível nacional, também nos Açores começam a surgir blogues associados às campanhas eleitorais.

 

 

Para Nuno Barata, autor do Fôguetabraze, o blogue mais antigo dos Açores (a par com o Entramula, seguido depois pelo :Ilhas), é positivo o crescimento da blogosfera açoriana, mas não deixa de lamentar que “os blogues mais antigos tenham perdido algum gás”.

 

 

Começou o seu blogue em Junho de 2003, movido pela notícia de primeira página do fim do blogue nacional Coluna Infame e por um debate sobre blogues no “Flash Back” da TSF. Para Nuno Barata, o desânimo e cansaço, confessado, em alguns casos publicamente, pelos bloggers mais antigos deve-se em parte ao facto de “se ter perdido o debate que se fazia nas caixas de comentários dos blogues”, graças à “contaminação das caixas de comentários pelo vírus dos anónimos” que pensam que “são livres de serem desrespeitadores”.

 

 

A verdade, diz, é que “essa atitude afastou muita gente do debate sério e interessante que se fazia nos blogues”. Alguns bloggers abandonaram a blogosfera, outros optaram por se transferirem para outros blogues menos mediáticos, mas em alguns casos também esses foram sendo contaminados, explica, e “o debate foi esmorecendo”, nomeadamente o debate entre blogues ou entre autores do mesmo blogue – “agora quando isso acontece, é ao mais baixo nível, ao nível do recadinho e da política baixa”, diz Nuno Barata.

 

 

Como adianta o blogger, “esses comentários anónimos vêm dos pequenos poderes instituídos – central, regional, autárquico e das corporações altamente financiadas pelos nossos impostos”. “Grande parte desses anónimos são instrumentalizados”: vigiam os blogues e “fazem comentários para tentar apagar algumas opiniões”, sublinha , salvaguardando no entanto que começam a diminuir desde que se começou a difundir a informação de que é fácil identificar os IP.

 

 

“Houve uma altura em que acreditei que os blogues fossem criar um movimento filosófico mais acutilante nos Açores”, confessou. Para Nuno Barata, se se tivessem continuado a promover encontros de bloggers, “ter-se-ia criado uma teia muito maior de críticos na sociedade civil”. Pois, desabafa, “nos Açores, infelizmente não há sociedade civil activa” e “as pessoas acomodam-se e aceitam quase tudo o que se lhes põe à frente”, diz Nuno Barata que apesar de tudo recusa-se a “entregar os pontos”, acreditando que os blogues podem contrariar ainda esta tendência.

 

 

 

 

Palo Gouveia -in AO

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