Carta ao Director

dornier-sata“SATA AIR AÇORES – ALERTA PARA OS PROBLEMAS E PERIGOS RESULTANTES DA ANUNCIADA EXTINÇÃO DA BASE OPERACIONAL DO ÚNICO AVIÃO DA SATA COLOCADO NO AEROPORTO DAS LAJES, ILHA TERCEIRA”:
 
“Como consequência do actual processo de renovação da frota da SATA Air Açores, actualmente em curso – substituição dos aviões ATP e Dornier por DASH 8-400 e DASH 8-200, respectivamente –, toda a frota da SATA ficará sediada exclusivamente em Ponta Delgada, eliminando-se assim a base de operação na Ilha Terceira, a partir de onde, e desde 1993 até aos dias de hoje, o Dornier sempre operou.Esta decisão terá implicações e abrangências que afectarão não só os terceirenses como a própria ilha em si, mas acima de tudo, em alguns cenários como abaixo se descrevem, chegará mesmo a afectar todos os açorianos, turistas, visitantes e pessoas em geral!
 
 

 

POR TÓPICOS:

 
1- A presença de um avião colocado permanentemente na ilha Terceira poderá desencadear no futuro, uma reavaliação de toda a estratégia de operação da SATA, levando a que possam ser mobilizadas mais aeronaves para operarem a partir da Terceira, o que se traduziria num muito mais eficaz sistema de transportes aéreos na região.

 
2- Por outro lado, no cenário que se avizinha – base exclusiva em Ponta Delgada – e sabendo-se de antemão que as condições meteorológicas nas Ilhas dos Açores podem ser muito complicadas e caprichosas, não é de todo impossível que, inopinadamente, o agravamento do estado do tempo inviabilize todas as saídas de Ponta Delgada, como já aconteceu por diversas vezes devido a nevoeiros ou ventos fortes do quadrante Norte, mas que permitam – a partir da Terceira – a operação para outras ilhas do arquipélago. Neste cenário e imaginando todas as aeronaves estacionadas em Ponta Delgada, todos os açorianos, turistas, ou viajantes em geral serão indubitavelmente lesados e sacrificados por estas fortuitas eventualidades. Nessas situações se a SATA dispuser de uma aeronave a operar permanentemente – sublinhe-se “permanentemente”, pois não bastariam apenas algumas pernoitas! – a partir da Ilha Terceira, como até ao presente, poderia fazê-la descolar, rumando a outras Ilhas dos Açores, garantindo um serviço mínimo ou até mesmo de emergência. Analogamente, uma pista fechada pelas mais diversas razões, poderá bloquear, ainda que transitoriamente, toda a operação.

 
3- Imagine-se agora um cenário de catástrofe natural durante a noite na ilha de São Miguel: Um abalo sísmico que danifica a pista; um ciclone tropical que danifica as estruturas aeroportuárias ou as próprias aeronaves (estacionadas no aeroporto de Ponta Delgada) inviabilizando a operação a partir deste aeroporto. Houvesse uma aeronave estacionada permanentemente – sublinhe-se, uma vez mais, “permanentemente”, pois não bastariam apenas algumas pernoitas, porque o azar esta sempre á espreita!!! – no Aeroporto das Lajes e esta garantiria por si só um serviço mínimo (ou até total(!), no Inverno) nas restantes ilhas do Arquipélago! Terão todos os açorianos de pagar pelo infortúnio que poderia apenas afectar os passageiros de uma só ilha? E podemos até ir um pouco mais longe nestes cenários de catástrofe, sem cair fora do razoavelmente previsível (ainda que pouco frequente, felizmente!). Tal como já aconteceu em situações anteriores, um abalo de terra afecta, por vezes, simultaneamente várias ilhas do arquipélago dos Açores, provocando estragos em mais do que uma ilha. O mesmo poderá obviamente repetir-se. E se a esta situação acrescentarmos a tal pista danificada em Ponta Delgada – Improvável? os Angrenses sabem melhor que ninguém que os epicentros não escolhem os locais que mais nos convém!… –, quem vai socorrer as outras ilhas? A Força Aérea? Certamente, mas em situações de catástrofe todas as ajudas são poucas e uma aeronave da SATA (estacionada nas Lajes), com mais capacidade de carga e transporte do que as aeronaves militares, presentemente estacionadas na Base das Lajes, pode fazer toda a diferença! Indiferentes, por certo, não poderão estar a Protecção Civil, bem como os açorianos!

 
4- Tendo sido anunciado pela SATA que o Dash 8 – Q200 deverá servir essencialmente as ilhas do Grupo Ocidental, São Jorge e Graciosa, fará algum sentido colocar esta aeronave em Ponta Delgada, ou seja, na extremidade oposta do arquipélago?!?…

 
5- Não deverá tambem, e neste contexto, ser confundida a noção de base de manutenção com base operacional. A SATA poderá até considerar Ponta Delgada como a base de manutenção dos seus aviões, mas mantendo permanentemente uma ou mais aeronaves estacionadas e a operar a partir de outros aeroportos. Aliás, o melhor exemplo do que aqui se descreve vem da própria SATA Air Açores (!) com o ATP que tem colocado na ilha da Madeira! Criou-se uma base operacional (na Madeira) fora da base de manutenção (Ponta Delgada)! Convém acrescentar que na Terceira existe ainda, e desde há vários anos, uma estrutura de manutenção e um hangar que fazem a diferença nesta comparação (entre Madeira e Terceira) e que se assumem certamente como mais valias de relevo para a manutenção da base na ilha Terceira! (analogamente às bases operacionais – para os aviões – há que fazer referência às bases das tripulações. Também aqui não há nada de complicado, pois ter tripulações colocadas na Terceira, a título permanente, tal como tem acontecido desde 1993, apenas simplifica e torna mais versátil a sua operação, da mesma forma que a própria SATA Internacional tem base em Lisboa, Ponta Delgada e Funchal para as suas tripulações de Airbus. Assim como a TAP tem tripulações baseadas em Lisboa, Porto, Faro e Funchal.

 
6 – Basta tambem consultar os dados estatísticos para constatar que a SATA Air Açores efectua aproximadamente o mesmo número de aterragens diárias (por vezes mais!) na Terceira que as que efectua em Ponta Delgada. A Terceira assume naturalmente a sua posição de “placa giratória” para os voos no arquipélago. Qual a logica de tirar o unico aviao colocado na ilha Terceira?!?!?

 
7 – Muitos dos voos “de e para” Ponta Delgada têm uma ocupação muito baixa, devido ao horário desadequado que não olha ao mercado, nomeadamente as ligacoes aereas. A verdade é que a razão de existência destes voos não se prende com o possível mercado destas rotas, mas apenas com a necessidade de fazer regressar os avioes a S. Miguel para troca de tripulacoes ou para a pernoitar. No dia seguinte recolocam-se os avioes na Terceira para a partir dai recomeçar toda a série de ligações entre as várias ilhas do Grupo Central e Ocidental. Ou seja, estes trajectos “de” e “para” Ponta Delgada são de simples condicionante operacional: São voos de recolocação de aeronave (e que são obviamente aproveitados para transportar alguns – mas poucos – passageiros). Estes voos são uma perda de tempo, recursos e uma fonte de gastos evitáveis. Estivesse uma aeronave colocada na Terceira, evitar-se-iam as centenas de voos anuais a que esta estratégia operacional obriga. Estivesse uma aeronave colocada na Terceira e, em vez de se perder tempo e dinheiro com os posicionamentos das aeronaves, ganhar-se-iam duas ou mais ligações diárias que contribuiriam de forma significativa para a melhoria das ligações do Grupo Central, por exemplo. Da mesma forma, o mesmo se passa, sensivelmente a meio dia, com o regresso de todas as aeronaves a Ponta Delgada apenas com um objectivo: A troca de tripulações! A tripulação escalada para os voos da manhã, ao fim de x horas de trabalho, tem irremediavelmente de cessar o serviço de voo. Para tal entrega o avião à tripulação seguinte (escalada para os voos da tarde) sempre em Ponta Delgada, interrompendo porventura ligações importantes no Grupo Central e/ou Ocidental: Perdendo tempo e gastando dinheiro desnecessariamente! Estivesse uma (ou mais) aeronaves colocadas na ilha Terceira evitar-se-iam estes “voos para troca de tripulações”. Quem paga estes voos? Já se sabe, todos nós! Pelo que foi acima descrito, não deverão subsistir quaisquer dúvidas que caso a SATA extinga a base de operação do avião em permanência na ilha Terceira seremos todos irremediavelmente prejudicados! É da responsabilidade de todos exigir à Administração da SATA que mantenha, pelo menos, um dos seus novos aviões estacionado permanentemente no Aeroporto das Lajes, ilha Terceira, como de resto o tem feito desde 1993, pois só assim nos servirão melhor e só assim nos poderão garantir maior segurança(!) nos mais diversos cenários, perfeitamente prováveis, que originem o encerramento (ainda que) temporário do aeroporto de Ponta Delgada! Note-se que em cenários de catástrofe a palavra “temporário” pode assumir um significado bem mais duradouro…

 

 

Por Açoriano

 

 

Esta carta enviada ao Director, assinada por – ” Açoriano”, foi aqui publicada na integra.

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