Crise na construção arrasta transporte marítimo para baixo

parque-contentoresO Porto de Ponta Delgada, o maior dos Açores, acusou uma quebra de 8 por cento no volume de carga contentorizada e de cerca de 20 por cento na carga a granel proveniente de Portugal continental no primeiro trimestre.

 

De modo inverso, registou um aumento de 4 por cento na carga transportada para o continente.

 

A crise que afecta o sector da construção civil é a principal responsável pela descida nas importações, enquanto o comportamento dos lacticínios explica a subida nas exportações.

 

Em concreto, o cimento, mas também os produtos de linha branca (frigoríficos, máquinas de lavar roupa e loiça, entre outros aparelhos) e bens de consumo arrastaram as entradas para baixo, enquanto o leite (UHT) está a “animar” as saídas.

 

De momento, e ao invés do que acontece a nível internacional, nenhuma transportadora portuguesa foi obrigada a suspender a actividade da respectiva frota.

 

Fonte do sector disse ao “Açoriano Oriental” que “6 a 10 por cento da frota de contentores mundial está paralisada, pois a crise faz com que seja menos oneroso estar parado do que pagar a tripulações sem trabalhar.”

 

“Por questões de segurança, muitas companhias optam por pagar três a quatro tripulantes para permanecerem a bordo e nada mais”, precisa.

 

Mas, se a paralisação não atingiu as transportadoras que operam entre São Miguel e o continente – Transinsular, Mutualista e Box Lines – , obrigou, ainda assim, a rever orçamentos para o corrente ano.

 

Algumas das previsões que apontavam para um crescimento zero -número de si já pouco simpático – foram corrigidas em baixa, com estimativa de quebras até 5 por cento.

 

É essencialmente a crise na construção civil e obras públicas que está a condicionar a actividade nos portos dos arquipélago.

 

Empresas sem obras, dificuldade de pagamento a fornecedores e a trabalhadores e mesmo despedimentos – duas mil pessoas no desemprego, segundo o responsável da Associação dos Industriais da Construção Civil e Obras Públicas dos Açores (AICOPA)- acabaram por afectar de modo negativo o transporte de carga.

 

Relativamente aos lacticínios, que acusam uma ligeira subida nas exportações, “também não entraram em grandes euforias”, adverte fonte de uma unidade industrial sediada na ilha de São Miguel.

 

Para o responsável dessa unidade fabril, “se é certo que ocorreu um aumento ligeiro (4 por cento) nas saídas de leite (UHT), já o preço de venda está aquém do desejável e, ademais, as exportações de queijo sofreram forte redução (cerca de 20 por cento)”.

 

Da retoma e, portanto, do sucesso das empresas e da economia gerada na Região, depende também o regresso à normalidade das transportadoras.

 

 

 

 

Pedro Lagarto ( in AO)

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