Duas famílias aguardam regresso a casa em Porto Judeu

Na freguesia do Porto Judeu, na ilha Terceira, uma das mais afetadas pelas intempéries de 14 de março nos Açores, duas famílias aguardam por obras para regressarem a casa, mas devem poder fazê-lo dentro de um ou dois meses.
Segundo João Tavares, presidente da Casa do Povo e da Junta de Freguesia do Porto Judeu, das cinco casas que ficaram inabitadas, uma já foi recuperada, permitindo que a família regressasse, outra está desabitada, porque o dono vive fora da ilha, e numa terceira vive uma pessoa em condições mínimas, por sua vontade.
As duas famílias restantes, num total de oito pessoas, aguardam pelas obras nas suas habitações em casa de familiares, mas o autarca prevê que possam regressar a casa “dentro de um mês e meio a dois meses”, tendo em conta que já foi assinado um protocolo entre a Direção Regional da Habitação e a Casa do Povo para a transferência das verbas necessárias.
No total, foram afetadas 41 habitações por inundações, provocadas pelo transbordo de duas ribeiras, o que levou à retirada de 39 pessoas de casa naquele dia.
Para além dos apoios do executivo açoriano para a aquisição de bens essenciais, a Casa do Povo do Porto Judeu tem também ajudado na  aquisição de eletrodomésticos e mobiliário, através de donativos em géneros ou dinheiro, de residentes e emigrantes, num total de 25 mil euros.
Os bens doados que sobraram vão ser vendidos a preços simbólicos na próxima sexta-feira, numa feira solidária, no pavilhão multiusos da freguesia, para angariar verbas que reverterão para as pessoas afetadas.
As intempéries danificaram também estradas e ribeiras, estando previstas obras de intervenção da responsabilidade do Governo Regional e da Câmara Municipal de Angra do Heroísmo.
O presidente da Casa do Povo disse à Lusa ter recebido da autarquia a garantia de que “as obras ainda arrancavam este mês” na Grota do Tapete, onde será recuperada uma ribeira, anteriormente transformada em estrada, sendo necessário também criar acessibilidades às moradias.
Quanto às intervenções da responsabilidade do executivo açoriano, na Ribeira do Testo, ainda não têm o projeto concluído e “pode demorar mais alguns dias, porque se está a fazer um projeto de raiz”, segundo João Tavares, tendo em vista a correção de algumas situações.
“Três meses é muito tempo para quem está à espera, mas para fazer os procedimentos e os projetos não é assim tanto tempo”, salientou o autarca, que também vive num espaço que foi degradado e confessa, por isso, sentir a preocupação das pessoas.
A memória recente do transbordo de uma ribeira a 12 de maio de 2012, semelhante ao que ocorreu este ano, ainda que sem estragos desta dimensão, fez João Tavares ficar em alerta a partir das 19:00 do dia 13 de março.
Por volta das 22:00, a ribeira já começava a ficar obstruída na foz e o autarca pediu a intervenção da Proteção Civil, que a partir das 00:00 começou a retirar pessoas.
Para João Tavares, se a intervenção das entidades oficiais não fosse tão célere, a população poderia ter corrido “perigo de vida”.
“O caudal foi subindo tão depressa que acionamos os meios para uma máquina desobstruir a zona da foz. No espaço de pouco tempo, quando a máquina chegou, já não conseguiu entrar”, salientou.
O autarca recorda dessa noite muitas situações de “aflição”, sobretudo de idosos que tiveram de ser retirados de casa, e lembra que ele próprio ficou “cercado” por água em casa, quando foi buscar equipamentos, tendo dirigido, a partir de lá, as operações.
“Foi um caos de um momento para o outro e ao fim de um dia e meio nós tínhamos as vias todas desobstruídas e acessos às moradias, incluindo água nas habitações das zonas afetadas”, frisou.

 

Lusa

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