Endividamento dos portugueses é o segundo maior da Europa

eurosO endividamento dos portugueses continua a ser dos mais elevados da Europa, apesar do abrandamento nos pedidos de crédito ao consumo e para compra de habitação, registado em 2008 e início de 2009, consequência da crise económica e financeira.

De acordo com os dados do Relatório de Estabilidade Financeira do Banco de Portugal, «apesar do aumento do endividamento dos particulares ter sido comum à maioria dos países europeu durante os últimos anos, o nível atingido em Portugal só era superado, no contexto da área do euro, pelo registado nos Países Baixos, sendo no entanto comparável ao observado no Reino Unido e inferior ao verificado na Dinamarca».

O Banco de Portugal revela ainda, no mesmo documento, que cerca de 75% do endividamento dos particulares corresponde a crédito bancário para aquisição de habitação.

«O elevado endividamento dos particulares (…) implica uma grande sensibilidade dos encargos com a dívida à evolução das taxas de juro do mercado monetário», acrescenta.

Como as taxas do BCE só começaram a baixar a partir de Outubro, diz o Banco de Portugal que «as condições de financiamento dos particulares não terão ainda beneficiado significativamente desta redução, na medida em que a transmissão às taxas de juro bancárias se estará a processar com o habitual gradualismo».

Incumprimento será maior agora do que em outras crise anterior

O Banco de Portugal considera que os sinais da actual crise financeira apontam para que os níveis de incumprimento nos empréstimos ao sector privado não financeiro sejam «substancialmente superiores» aos verificados na recessão de 2003.

Neste ponto, volta-se a referir como o nível de endividamento das famílias é preocupante: se em 2002 o estava nos 100% do rendimento disponível, em 2008 esse valor ultrapassou os 135%.

Analisando as duas conjunturas, o BdP conclui que os níveis de incumprimento são superiores tanto no sector dos particulares como no das sociedades não financeiras. A subida denota-se ainda nos rácios de incumprimento, definidos como empréstimos e juros vencidos e outros de cobrança duvidosa, que registaram «aumentos significativos ao longo de 2008» na generalidade dos segmentos de crédito.

Relativamente à idade, conclui-se igualmente que as famílias mais jovens estão mais endividadas e têm também mais taxas de esforço.

O empréstimo para a habitação concentra as atenções, mas não só: «Relativamente ao valor dos empréstimos a particulares que não se destinem à aquisição de habitação, é de salientar que se terá intensificado, em 2006, o acesso a este mercado, sobretudo por parte das famílias com níveis de rendimentos intermédios e daquelas em que o representante é relativamente jovem», diz o BdP.

Cerca de 50% tinha como finalidade a aquisição de veículos e cerca de 20% a aquisição de imóveis não destinados à habitação, o que surge como um «mitigante importante do risco de empréstimos associado aos empréstimos a particulares», dado que, em princípio, estes empréstimos estão garantidos pelos bens a cuja aquisição se destinam.

Empresas também em dificuldades

Já quanto às empresas, o Banco de Portugal reconhece que, apesar dos maiores níveis de endividamento de agora, verifica-se que entre a actual crise e a recessão de 2003 houve semelhanças entre os factores que determinaram a procura de empréstimos: financiamento de existências e de necessidade de fundo de maneio, geração interna de fundos e reestruturação de dívida. «Porém, a intensidade com que estes factores se apresentam é maior na actual conjuntura», refere.

Há ainda outra conclusão pouco animadora para as sociedades não financeiras: «É também expectável que a materialização do risco de crédito aumente consideravelmente no ano de 2009», sustenta o Relatório de Estabilidade Financeira de 2008.

Agencia Financeira

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