Federação Agrícola dos Açores defende que organizações não podem ser o alvo das manifestações

O presidente da Federação Agrícola dos Açores defendeu hoje que as organizações que representam os agricultores não podem ser o alvo das manifestações e apelou ao bom senso dos políticos para que a região não fique um ano sem governo.
“Concordamos que os lavradores estejam revoltados e descontentes, mas obviamente a gente vê manifestações em toda a Europa e não vê agricultores contra agricultores, não vê agricultores contra as suas instituições. Estamos a ver agricultores contra as políticas da União Europeia que não os satisfazem e que os penalizam”, afirmou o presidente da Federação Agrícola, Jorge Rita, numa conferência de imprensa, em Angra do Heroísmo, na ilha Terceira.
Na quinta-feira, o Movimento Cívico de Agricultores de São Miguel organizou uma manifestação, com cerca de 400 viaturas, em marcha lenta pelas ruas da ilha.
Os agricultores tinham inicialmente previsto entregar um manifesto com as suas reivindicações ao presidente da Associação Agrícola de São Miguel e da Federação Agrícola dos Açores, Jorge Rita, mas não chegaram a fazê-lo, alegando que o dirigente não defendia a classe e pedindo a demissão do responsável.
Questionado sobre o descontentamento manifestado com a federação, Jorge Rita disse que não podia esconder o que se passou, mas garantiu que “não era a motivação de todos os produtores e agricultores” que estiveram presentes no protesto.
“A lavoura é gente boa, de bom senso, séria, gosta de trabalhar, gosta de ter as suas contas em dia e tem as suas organizações que os representam para isso. O alvo nunca poderá ser as suas organizações, nem agricultores contra agricultores, bem pelo contrário, unidos seremos sempre mais fortes”, frisou.
O dirigente associativo pediu ainda “estabilidade governativa na região”, alegando que as incertezas sobre o futuro executivo regional “preocupam muito” os agricultores.
“Se nós não tivermos governo nos próximos tempos, temos mais um ano de grandes indefinições e os agricultores não podem, nem vão esperar, por essas indefinições durante um ano. Que haja bom senso, que haja equilíbrio, mas temos de pôr sempre os Açores em primeiro lugar”, salientou.
As associações que integram a federação reuniram-se hoje em Angra do Heroísmo para atualizar o caderno reivindicativo já apresentado ao Governo Regional e que, segundo Jorge Rita, já inclui as reivindicações do manifesto do movimento cívico.
“As medidas que estão no manifesto são as medidas que nós temos quase todas salvaguardadas e outras em vias de salvaguarda”, apontou.
O presidente da Federação Agrícola dos Açores disse ainda que já tem reuniões marcadas com as indústrias de laticínios regionais e nacionais e com a distribuição, para debater a necessidade de formulação de um “preço justo à produção”.
“O que é fundamental é que tenhamos capacidade de diálogo com todas as instituições, até esgotar essa capacidade de diálogo. As manifestações devem ser à parte dessa situação. Somos solidários obviamente com as preocupações dos agricultores, cada vez mais, mas neste momento a Federação Agrícola e as suas associadas não põem de parte qualquer manifestação, quando se esgotar a nossa capacidade de diálogo com as indústrias, com a distribuição, com o Governo Regional, com o Governo da República e com as instâncias comunitárias”, acrescentou.
Entre as medidas reivindicadas pela Federação Agrícola estão o apoio aos jovens agricultores para diminuição dos pagamentos à Segurança Social, a aplicação de reformas antecipadas, a manutenção de ajudas sem rateios, a reconversão da produção leiteira em produção de carne e a instalação do Observatório Agroalimentar dos Açores.
Jorge Rita deu como exemplo de duas medidas já concretizadas o adiantamento de sete milhões de euros de apoios comunitários relativos ao prémio dos produtos lácteos e o apoio aos alimentos fibrosos para as ilhas mais penalizadas pelo mau tempo.

 

 

Lusa

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