“História Natural do Vulcão das Sete Cidades – natural History” coloca a ciência ao serviço do Turismo

vitor forjazQuando a ciência e o conhecimento se cruzam ao serviço do desenvolvimento turístico sustentado, nasce obra, e essa obra tem um nome – “História Natural do Vulcão das Sete Cidades – natural History”.

Lançado pelo Observatório Vulcanológico e Geotérmico dos Açores (OVGA) e coordenado pelo vulcanólogo Victor Hugo Forjaz, o livro apresentado esta quinta-feira, e que contou com a colaboração de vários investigadores da Universidade dos Açores, valoriza Ponta Delgada e a Região, ao mesmo tempo que assegura a notoriedade das Sete Cidades, o vulcão e a história daquela que é uma das Sete Maravilhas de Portugal, além do que aponta uma nova estratégia para o turismo dos Açores, ligando a natureza, o conhecimento a um dos mais importantes setores da economia açoriana – o turismo.

Convicção partilhada por José Manuel Bolieiro, que na cerimónia de lançamento, adiantou que ao “apoiar a edição do livro coordenado pelo Professor Victor Hugo Forjaz, a Câmara de Ponta Delgada está a dar um contributo não apenas para a sua mediatização, mas também, e sobretudo, para o desenvolvimento turístico dos Açores, valorizando o que é nosso e que é a imagem do que fomos, do que somos e do que seremos” – frisou, sublinhando a importância do turismo do conhecimento, uma vez que “a maior parte das pessoas observa, mas não conhece”.

O livro, obra de divulgação científica sobre o Maciço Vulcânico das Sete Cidades, aborda a caracterização da ocupação humana do grande maciço que resultou da atividade de três grandes vulcões.

São 186 páginas em edição bilingue, que Victor Hugo Forjaz considerou um trabalho “delicioso” e inédito, uma vez que reuniu 13 especialistas de 10 áreas ligadas ao turismo cientifico, que apresenta documentos e textos que descrevem os diversos tipos de solos que derivaram das rochas que se geraram a poente de Ponta Delgada, apresenta cartografia moderna das Sete Cidades e cartografia da sismicidade, debruça-se sobre os fósseis de vegetais que ocorrem em diversos pontos e citados por Arruda Furtado a Charles Darwin, descreve o clima, explora a flora e a vegetação do grande maciço e apresenta um capítulo bem documentado sobre a vida marinha que rodeia a costa noroeste, entre outras matérias que podem ser descobertas nesta obra, que só fica completa com a vulcanologia e evolução das Sete Cidades e da vizinha Serra Devassa, temas de Victor Forjaz, e com uma análise do património humano, bem documentado, ou seja, as igrejas que cercam as grandes vertentes, caldeiras e lagoas, os acessos, o célebre Chá da Seara, as pontes que uniram as duas margens, o túnel que retirou o povoado de inundações venezianas, as azenhas que moíam cereal, porque dentro da grande caldeira não havia moinho de vento que resistisse, e tantas outras referências históricas.

A obra é também uma chamada de atenção para a descaraterização desta área, que pela mão humana tem vindo a alterar-se, um alerta para a necessidade de se recuperar a paisagem e “voltar a sentir os cheiros inebriantes dos cedros, o vibrar das faias e o perfume dos paus-brancos , há que refazer o destruído e recuperar o permitido, porque a Natureza geológica e biológica será o verdadeiro tesouro do futuro do povo insular”, afirmou o vulcanólogo.

Na sua apresentação Vitor Forjaz deixou uma mensagem aos agentes de turismo que operam na Região, considerando que “os guias turísticos agoniam-se muito com a restauração e as igrejas. Pouco sabem explicar sobre o que a Mãe Natureza aqui construiu e que o homem tem a pouco e pouco destruído. Há que os formar, que os atualizar, que os adaptar ao novo fluxo turístico” – acentuou.

Ainda na sua opinião, “as Sete Cidades podem ser o começo de uma nova fase reconstrutiva, porque têm história geológica, porque concentram variedade botânica, porque abarcam variedade hidrológica notável – desde termas a nascentes e lagoas, porque ali existe uma massa de água longa e serena onde se podem praticar os mais variados desportos eco-sustentáveis” e porque as “Sete Cidades não é apenas a Vista do Rei – ou seja, uma ida a jato estrada acima, uma foto para o buracão vulcânico e ala abaixo para as Furnas e Lagoa do Fogo. O Chá da Seara, os grandes arvoredos de cedros perfumados, as bucólicas margens das lagoas, as pescas de carpas gordas, os passeios entre floridos pastos, as velhas azenhas de moer o grão, as fontes de águas límpidas, as pedra-pomes roliças, os pesqueiros dos Mosteiros, as termas de águas quase milagrosas (…) tudo isso é um mundo que o turismo deve aprender, usar e recuperar”.

A “apadrinhar” o lançamento “deste quilo e tal de ciência” como carinhosamente o tratou o seu coordenador, esteve Gonçalo Pereira, professor da Universidade Católica e diretor da National Geographic Portugal, que realçou a importância de salvaguardar as áreas protegidas, alertando porém para os riscos de dotar essas áreas de valor económico, destacando por outro lado a necessidade de educar, modernizar e acima de tudo colocar o conhecimento ao serviço do sector do turismo, enaltecendo o valor desta obra também no sentido em que tira a Ciência da Academia e a coloca “na rua” ao dispor de todos os interessados.

 

 

SM/ Açores 24Horas /CMPDL

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