Hoteleiros açorianos perdem rendimento em 2008

hotelO crescimento das receitas globais do turismo nos Açores entre 2000 e 2008, superior ao aumento verificado no número de dormidas, não tem tido correspondência no aumento da receita média por aposento. O que na prática quer dizer que os Açores oferecem mais camas, registam mais dormidas mas o rendimento obtido por cada uma das camas não consegue aumentar.

 

 

 

De acordo com dados do INE e do Serviço Regional de Estatística, os proveitos de aposento, entre Janeiro e Dezembro de 2008, atingiram os 38,3 milhões de euros, correspondendo a uma variação homóloga negativa de 0,4%. Neste período, o rendimento médio por quarto disponível foi de 26 euros, correspondendo a uma variação homóloga negativa de 2,6%. As ilhas de São Miguel, Terceira e Faial foram as que maior peso tiveram nos proveitos totais. Embora de forma menos acentuada, a verdade é que a taxa média de ocupação dos hotéis dos Açores também tem diminuído nos últimos anos. A maior concorrência entre as unidades hoteleiras, numa conjuntura “difícil”, de crise internacional, pode explicar esta situação. “Em tempo de crise baixam-se os preços para ter mais hóspedes e aumentar a taxa média de ocupação”, adiantou ao AO Online o presidente da Câmara de Comércio e Indústria de Ponta Delgada, que no entanto admite que os preços praticados, neste momento na Região, “são mais adequados aos preços de mercado” do que eram há 10 anos atrás. Na prática, entre 2000 e 2008 o número de estabelecimentos hoteleiros aumentou (passou de 52 para 81), o número de camas passou de 3800 para 9762 e o número de hóspedes quase que duplicou, passando de 202.000 para 383.649. Globalmente, as receitas também aumentaram entre 2000 e 2007 ( de 26,3 milhões passaram para 55 milhões), mas em 2008 voltaram a sofrer uma queda de 0,4% A crise internacional e a consequente descida do número de dormidas pode ter contribuído para estas oscilações.

 

 Para o consultor Carlos Martins, antigo “patrão” da Siram nos Açores, a leitura dos números tem outros contornos. Neste fim-de-semana participou num encontro promovido pela Câmara Municipal das Lajes do Pico sobre turismo e deixou o alerta: os Açores têm um enorme potencial mas tem faltado estratégia. Sobretudo “casando” a política de turismo com a política de transportes. Segundo o consultor, a Região padece de três males: a oferta de um monoproduto baseado na natureza, na saúde e bem-estar; a aposta num mercado muito grande que nada tem a ver com este tipo de turismo; e preços de transporte muito elevados. Estes três problemas, associados a um momento de crise, podem “ser de difícil gestão e provocar resultados negativos”, acrescenta o gestor, que aponta um caminho diferente assente na criação de clusters contendo produtos que sejam coerentes entre si e dirigidos a mercados europeus específicos, como o alemão, o holandês, o italiano ou o norte-americano, devido ao “efeito saudade”.

 

O Governo Regional, por seu lado, já apresentou as suas metas para o turismo: até 2015, o executivo quer que a oferta de camas chegue às 17 mil. Estima-se um crescimento de 6,5%/ano nas dormidas internacionais; 3,3% de crescimento de dormidas nacionais ; 80% do aumento de turistas e 12% de crescimento anual das receitas. O mercado de eleição continua a ser o nacional, seguido do europeu e do norte amerciano, onde a promoção deve ser reforçada.

 

 

 

 

Carmo Rodeia (in AOriental)

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