“Deve haver uma reconversão gradual do efetivo leiteiro para raças com maior produção de proteína e de gordura, nomeadamente a ‘Jersey’, e um reajustamento das tabelas de valorização”, afirmou Graça Silveira, em declarações aos jornalistas à margem das Jornadas de Produção Leiteira, em Angra do Heroísmo, na Terceira.
Graça Silveira salientou que “a indústria alimentar valoriza um leite que seja mais rico em gordura, porque é aquele que é convertido em nata e depois em manteiga, e um leite que seja mais rico em proteína, porque o rendimento queijeiro está baseado na quantidade de proteína”.
Nesse sentido, a investigadora defendeu a substituição da raça ‘Holstein Frísia’ pela ‘Jersey’, que frisou ser “uma raça com boa apetência para o pastoreio”.
Esta investigadora na área da Engenharia Agroalimentar considerou ainda que a tabela do SERCLA (Serviço de Classificação do Leite) está desajustada, alegando que “os agricultores só começam a beneficiar de pontos adicionais para percentagens de proteína acima dos 3.2, quando o máximo de proteína que uma ‘Holstein’ pode dar são 3.2/3.3”.
Nestas jornadas será apresentado um estudo da autoria da investigadora universitária açoriana Emiliana Silva, sobre a influência dos subsídios europeus nos rendimentos dos agricultores dos Açores.
Emiliana Silva, especialista em Economia Agrária, concluiu, com base em dados de explorações do Faial, Terceira e S. Miguel, recolhidos desde 1996, que “cerca de 20 por cento do rendimento dos agricultores é suportado pelos subsídios”, sendo que foram encontrados alguns casos de dependência total.
“Isto é muito preocupante”, alertou, recordando que a Europa vive um período de “instabilidade” e que poderá ocorrer uma diminuição do orçamento da Política Agrícola Comum, apesar de estar convencida de que não se colocará um cenário de ausência de subsídios.
Lusa