O presidente do Governo dos Açores apelou hoje aos norte-americanos para terem “ponderação” nas decisões que vão tomar em relação à Base das Lajes, alertando que a “relação de amizade” entre Portugal e os EUA pode ficar comprometida.
“A relação de amizade e cooperação entre o Estado Português e os EUA está confrontada com desafios imediatos que podem, se não forem atendidos de forma dedicada e respeitadora do legado histórico, ferir a estabilidade e o comprometimento da mesma para o futuro”, afirmou Vasco Cordeiro, numa intervenção em Boston, na cerimónia que comemorou o Portuguese Heritage Day.
O presidente do Governo dos Açores destacou que, a nível político e institucional, os dois países têm “um relacionamento próximo de valores e objetivos partilhados” que resulta também de “seis décadas de presença militar e civil americana na ilha Terceira”.
Esse relacionamento “estável e duradouro” está “assente num pilar Atlântico, como são os Açores”, afirmou, acrescentando que a região “pretende continuar a ser útil para o aprofundamento da relação bilateral e para a constituição de novas valências”.
Para Vasco Cordeiro, os “amigos e aliados americanos”, devem estar “conscientes de que não há pior forma de atenção que a desatenção” e que “não há forma mais concreta de perder todo um património de relacionamento estável e consistente [.] do que deixar de valorizá-lo por comparação com outros”.
“No imediato, todas estas considerações devem constituir motivo de cuidada ponderação para as decisões que os EUA venham a tomar sobre a diminuição muito significativa da sua presença militar e civil no arquipélago dos Açores, manifestada quer nas reduções previstas para a Base das Lajes, mas também na redução paulatina de uma presença e ação efetiva e abrangente do Consulado dos EUA em Ponta Delgada”, sublinhou.
O presidente do governo açoriano acrescentou que a comunidade portuguesa nos EUA tem também um papel neste processo: “Fazer ver aos seus representantes políticos ao nível local, estadual e federal a mais-valia que resulta do relacionamento estável e duradouro com Portugal”.
Vasco Cordeiro sublinhou que a este lado institucional e político das relações bilaterais se junta a presença de emigrantes portugueses nos EUA, entre os quais muitos açorianos.
“Esse é um património que o Governo dos Açores valoriza e ao qual atribui grande importância, desde logo através de uma ação própria e direcionada por parte da administração regional e da ligação às instituições da nossa diáspora, promovendo a cultura e costumes açorianos”, afirmou.
Neste contexto, disse que “é agora tempo para uma evolução deste relacionamento”, defendendo o incremento de programas de intercâmbio”, de âmbito universitário ou outros, entre os Açores e os EUA, e de iniciativas que promovam os Açores junto das suas comunidades no estrangeiro e “valorizem o potencial que as segunda e terceira gerações de açorianos têm para projetar a região nos países de acolhimento.
Por outro lado, reafirmou o empenho do executivo regional em baixar as tarifas dos voos entre os EUA e os Açores e em aumentar o número de ligações e diversificar os destinos.
Lusa