Líder da UGT diz que Retificati​vo só traz “mais do mesmo”

O secretário-geral da UGT, Carlos Silva, considera que o Orçamento Retificativo hoje entregue na Assembleia da República só vai trazer “mais do mesmo”, “grandes preocupações” e uma “certa revolução” da administração pública.
Carlos Silva está a participar em Ponta Delgada no seminário promovido pela estrutura regional dos Açores da UGT sobre as causas da crise económica e financeira que o país atravessa e a pertinência da adoção de medidas para a ultrapassar.
“A verdade é que o Governo quando aprovou o Orçamento Retificativo em Conselho de Ministros deixou o dossiê da administração pública para segundas núpcias. Isso significa que quando se fala de requalificação de trabalhadores é uma questão de semântica”, declarou o líder da UGT à agência Lusa.
Carlos Silva afirma que esta atitude do Governo da República faz “tremer a sociedade” que, neste momento, está a atravessar um “momento extremamente difícil” e a começar a reagir até como “alguma insubmissão” em relação à forma como o executivo está a tratar estas matérias.
“As decisões governamentais são tomadas de forma célere, ultrapassando o diálogo com os parceiros sociais, pressionadas com os compromissos com a ‘troika’ e compromissos internacionais, sabendo-se que a reforma da administração pública não se pode fazer nem em meia dúzia de meses, se calhar meia dúzia de anos, e agora querem tudo em meia dúzia de dias. Temos aqui uma situação quase incomportável que vai descambar num eventual conflito social”, refere Carlos Silva.
Questionado sobre algumas matérias que o ministro da Economia, Álvaro Santos Pereira, tinha apresentado sobre crescimento e emprego, o líder da UGT considera-as “positivas”, mas diz que “o positivismo” de um lado “choca” com algum “negativismo” que se assiste do outro.
“Como é que se pode discutir políticas de emprego e crescimento quando estamos a preparar eventualmente o despedimento de 30 mil trabalhadores?”, questiona o secretário-geral da central sindical.
Dados hoje divulgados pelo Eurostat revelam que a taxa de desemprego em Portugal alcançou um novo máximo, de 17,8%, em abril, com o desemprego jovem a subir também para um nível recorde de 42,5%, o que na leitura de Carlos Silva só vem “confirmar” o relatório da OCDE conhecido esta semana.
“É mais um indicador que vem ao encontro das grandes preocupações da UGT que têm sido expressas em cima da mesa da Concertação Social, ou seja, a sua preocupação por o Governo estar completamente cego com a implementação de políticas de austeridade, quando já se percebeu há muito tempo que estas falharam e não cumpriram o seu objetivo inicial”, refere o líder da UGT.
“Tem que haver aqui uma mistura de medidas de austeridade com medidas de crescimento e emprego. E o Governo esqueceu completamente esta matéria e só apostou na austeridade. O Governo tem a decisão do futuro do país nas mãos e os cidadãos estão numa clara incontinência verbal perante este autismo que se continua a demonstrar”, conclui o líder da UGT.

 

Lusa

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