Marinha detecta barcos “fantasma” em São Miguel

oceano-marPolícia Marítima já apanhou este ano sete barcos de recreio sem licenças e que nunca passaram por vistorias. São embarcações precárias construídas pelos donos, que arriscam assim a sua vida e consomem os recursos da Marinha.

 

A Polícia Marítima já detectou este ano em São Miguel a existência de sete embarcações de recreio que nunca foram vistoriadas e licenciadas pelas autoridades. Tratam-se de barcos pequenos sem registo, fabricados de forma rudimentar e numa lógica empírica pelos donos, que não dispõem a bordo das condições de segurança e dos meios de salvamento exigidos por lei.

 

Que, nalguns casos, terão saído para o mar sem ter pelo menos assegurado algo vital: a sua flutuabilidade. O Capitão do Porto de Ponta Delgada confirmou ao Açoriano Oriental que “há embarcações que as pessoas constroem e não legalizam, tentando usá-las numa altura em que a fiscalização não passe. Muitas vezes, apanhamos embarcações que não foram vistoriadas, estão ilegais, e já apanhámos bastante este ano”.

 

Em 2009 – e o primeiro semestre ainda não terminou – já foram detectados sete casos clandestinos que desencadearam processos contra-ordenacionais, enquanto que em 2008 nenhuma situação foi registada pela Capitania. Para Castro Garcia, a falta de “bom senso e sentido de responsabilidade” de alguns indivíduos põe em risco a sua vida e mobiliza desnecessariamente meios humanos, materiais e financeiros que a Marinha poderia afectar a outras actividades.

 

Como a fiscalização das águas açorianas. “A pessoa vai com aquela coisa… é quase como pegar numa banheira da casa de banho, ir para o mar e depois logo se vê, e bastantes vezes sem meios de salvamento. Isto é problemático e deveria ser evitado”, alerta. Mas o que leva algumas pessoas a levar barcos “miúdos” – a tal espécie de banheira – para o nosso mar agreste? O comandante Castro Garcia responde que existem aventureiros que actuam movidos pela “vaidade” de se exibirem em barcos que podem nem ter rádio, coletes ou sequer remos.

 

Na verdade, “a pessoa sai, acha que não lhe vai acontecer nada e tenta demonstrar aos outros que é forte e o mar não lhe mete medo”. Por causa disso, já houve desgraças e algumas resultam mesmo em morte. Um desses episódios mais recentes não acabou em tragédia, por mera sorte. Sucedeu com dois indivíduos que saíram num pequeno barco desprovido de segurança. Afastaram-se da costa e um deles lembrou-se de entrar na água para um mergulho de apneia. A corrente entretanto começou a afastar o barco e o mergulhador, quando emerge, já não o conseguiu alcançar. O tripulante que ficou dentro da embarcação também não teve força para se aproximar e acudir o amigo, nem tão pouco chegar à costa. E é então que, “afortunadamente”, um pedido de socorro feito por telemóvel salva-lhes a vida.

 

O Capitão do Porto de Ponta Delgada diz que, se não fosse essa chamada, seria muito difícil encontrar o barco, mesmo junto à costa, sobretudo se o mar estivesse alteroso, com vagas a partir de 2 metros.

Mas a imprudência atinge igualmente donos de embarcações de recreio legalizadas. Por vezes estão a bordo alcoolizados, com excesso de lotação no barco e sem meios de salvação adequados. Uma facilitação que reflecte o “desrespeito” pela força do oceano e que só favorece a ocorrência de acidentes.

 

“O mar nos Açores, frequentemente, é muito mau e traiçoeiro e há quem não se aperceba disso. E, por vezes, não se deve ir para o mar porque está perigoso e não há condições para isso”. Mesmo quando se julga que não há problema porque se navega à vista da costa, a noção da distância não é a mesma quando se está em terra e dentro de água. Definitivamente, “não é como ir a outro concelho dar uma volta…”

 

 

In AO

 

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