Marques Mendes recusa que solução governativa dos Açores seja replicável nacionalmente

O conselheiro de Estado e antigo líder do PSD Luís Marques Mendes elogiou hoje a “ação política” do Governo dos Açores, mas recusou que o acordo do executivo açoriano com o Chega seja replicável no plano nacional.

“É uma solução legítima e decidida por órgãos próprios, não me parece é que seja uma solução replicável para o plano nacional. Este é que é o ponto. Acho pessoalmente, do ponto vista analítico, que não é uma solução de hoje para amanhã replicável no plano nacional”, afirmou, em Ponta Delgada, após uma reunião com o presidente do Governo Regional.

Questionado pelos jornalistas com declarações de novembro de 2020, quando criticou o acordo parlamentar entre o PSD e o Chega nos Açores, Marques Mendes considerou hoje aquele acordo uma “solução ditada pelos princípios da autonomia regional”, que não é replicável a nível nacional.

Instado a concretizar, o antigo líder do PSD referiu que as circunstâncias nacionais e regionais “são complemente diferentes”.

“As circunstâncias são completamente diferentes e, portanto, no plano nacional esta solução não é evidentemente replicável. Acho que é, de resto, um facto que quase não carece de prova. É uma coisa de uma evidência total, é a minha opinião”, apontou.

Marques Mendes falava hoje na sede da Presidência do Governo dos Açores, após ter-se reunido com o presidente do executivo açoriano (PSD/CDS-PP/PPM), o social-democrata José Manuel Bolieiro.

Em novembro de 2020, enquanto comentador da SIC, Luís Marques Mendes disse que a “perceção” nacional sobre o acordo entre o PSD e o Chega nos Açores “envenena o PSD”, sendo um “passaporte” para o partido “perder eleitores” e uma “avenida para o crescimento do Chega”.

Hoje, Marques Mendes deu “três exemplos notáveis” para elogiar a “ação política” do governo de Bolieiro.

“Primeiro, as decisões tomadas no domínio fiscal, de baixar gradualmente a carga fiscal sobre os açorianos, que é uma medida estratégia essencial que tenho pena que não seja adotada no plano nacional, que é fundamental para atrair investimento”, disse.

O conselheiro de Estado deu ainda o exemplo da criação da Tarifa Açores, que considerou “extremamente inovadora” por permitir aos residentes viajarem via área entre as ilhas por 60 euros.

Marques Mendes elogiou também a “estabilidade do corpo docente” promovida pelo Governo dos Açores, referindo-se à abertura de 243 vagas nos quadros de ilha para os professores da região.

O presidente do Governo dos Açores, José Manuel Bolieiro, garantiu hoje que os acordos parlamentares que sustentam o executivo estão “perfeitamente estáveis”, apesar de o Chega ter perdido um deputado na Assembleia Regional.

Na quarta-feira, o ex-líder do Chega/Açores Carlos Furtado revelou que ia passar à condição de deputado independente, sem renunciar ao mandato, como pretendia o líder nacional do partido, André Ventura, que naquele dia lhe retirou a confiança política.

Uma vez que o Chega assinou um acordo de incidência parlamentar com a coligação que suporta o Governo dos Açores, o PS, o PAN e a IL pediram a intervenção do Representante da República na região, Pedro Catarino.

Hoje, José Manuel Bolieiro revelou ter falado com Pedro Catarino, mas reiterou não existirem razões para a intervenção do Representante da República.

PSD, CDS-PP e PPM, que juntos elegeram 26 deputados nas eleições regionais de 2020, assinaram um acordo de governação e um acordo de incidência parlamentar com o Chega, que alcançou dois mandatos no sufrágio.

O PSD assinou ainda um acordo de incidência parlamentar com o Iniciativa Liberal (IL), pelo que, com o apoio dos dois deputados do Chega, a coligação de direita somava 29 deputados na Assembleia Legislativa dos Açores.

Estando em causa um número suficiente para atingir a maioria absoluta (o PS elegeu 25 deputados, o BE dois e o PAN um), o representante da República indigitou José Manuel Bolieiro como presidente do Governo Regional, no dia 07 de novembro de 2020.

 

 

Lusa

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