O responsável do Conselho Médico dos Açores da Ordem dos Médicos, Jorge Santos, considerou hoje que não houve, no âmbito da reestruturação do Serviço Regional de Saúde, o cuidado de auscultar as “pessoas conhecedoras do setor”.
“O plano não é propriamente um plano. Não houve aqui a conceção de um plano feito por pessoas conhecedoras do setor e este tem sido modificado sem haver propriamente um debate com as organizações protagonistas da saúde, em diálogo”, declarou Jorge Santos à agência Lusa.
O Governo dos Açores apresentou no domingo as alterações à proposta inicial de reestruturação do Serviço Regional de Saúde e recuou na intenção de criar um centro hospitalar para gerir os três hospitais da região, bem como na decisão de encerrar quatro centros de saúde às 20:00.
Referindo que os médicos dos Açores ainda não discutiram o assunto, uma vez que ainda não conhecem o texto do Governo dos Açores, Jorge Santos ressalvou, no entanto, que existe um “consenso” generalizado sobre esta matéria na classe.
“Há um conjunto de ideias, de renovação que nos parece feliz para resolver alguns problemas e estrangulamentos que existem. Agora, as soluções parecem-nos um bocado erráticas e pouco profundas, sobretudo pouco definidas”, considerou o responsável.
Jorge Santos apontou que “existe uma pretensão” de intervir nos cuidados mais rápidos e urgentes e na “facilitação do processo” de ligação entre os cuidados primários e secundários.
“Isso não é feito a partir de uma reestruturação e reorganização das relações entre os diversos níveis de trabalho, mas sim por juntar massa tecnológica às áreas propostas, que, inclusivamente, aumentam o número de protagonistas e onde não está bem definido qual é a participação dos médicos, o que para nós é fundamental”, declarou.
Jorge Santos considerou que “está ausente” e mesmo “ameaçado” na proposta do executivo açoriano o princípio de que todos os cuidados de saúde relacionados com a doença e as propostas de restituição da integridade de tratamento passam pela intervenção médica.
“A ameaça surge também com uma série de proposições que não sabemos como vão funcionar, como é o caso da telemedicina, dos centros telefónicos, das viaturas de suporte imediato de vida. Não está muito bem definido onde está a responsabilidade e quem é que forma as pessoas, o que é preocupante”, criticou.
Jorge Santos disse ser “altamente discutível” o caso da introdução do conceito da enfermagem de família pelo facto de parecer um “novo nível” de intervenção de cuidados de saúde, o que parece “despropositado”, uma vez que não há uma “relação direta” com a participação médica.
A agência Lusa tentou, sem sucesso, obter declarações sobre esta matéria junto da estrutura dos Açores da Ordem dos Enfermeiros.
Lusa