Médicos internos e de família questionam contratação de clínicos sem especialidade

Um grupo de internos e médicos de família lançou um manifesto contra a contratação de médicos sem especialidade para o Serviço Regional de Saúde dos Açores, defendendo que isso não resolve a falta de médicos de família.

“A falta de médicos de família nos Açores é uma situação que nos preocupa, no entanto a solução não passa pela contratação de médicos sem especialidade”, refere um manifesto lançado depois de o secretário regional da Saúde, Miguel Correia, ter afirmado que vão ser contratados mais médicos estrangeiros para colmatar a falta de médicos de família.

Até agora foram contratados oito médicos colombianos, mas os dados oficiais indicam que ainda há cerca de 36 mil açorianos sem médico de família, sendo necessários mais de duas dezenas de médicos em Ponta Delgada, Angra do Heroísmo e Ribeira Grande.

Para os promotores do manifesto, “a opção tomada pelo governo é uma péssima gestão do dinheiro dos contribuintes e uma grande ilusão e um engano para a população”.

“A população pode aplaudir a chegada destes novos médicos aos centros de saúde, mas perceberá um dia que apesar de ter um médico não tem o seu médico de família”, salienta o documento, frisando que “um especialista em Medicina Geral e Familiar não é substituível”.

Nesse sentido, refere que “em Portugal, é exigido a um médico especialista em Medicina Geral e Familiar uma licenciatura de seis anos, acrescida de um ano de internato e quatro anos de especialização, o que perfaz 11 anos de trabalho e dedicação”, frisando que “com médicos sem a especialidade de Medicina Geral e Familiar a cuidar de uma lista de famílias haverá uma má prestação de cuidados à população, pois não é com dois meses de formação que aprenderão tudo o que a um especialista é exigido”.

O manifesto alerta que o facto de estes médicos não especialistas “estarem a assumir funções para as quais não têm habilitação, compromete a idoneidade formativa dos centros de saúde”.

“Em troca de oito clínicos não especialistas, 18 internos poderão ser obrigados a abandonar a sua formação na região e terminá-la no continente, comprometendo a funcionalidade do Serviço Regional de Saúde”, referem os autores do manifesto, acrescentando que “uma vez perdida a capacidade formativa, nenhum interno poderá ingressar no internato desta especialidade nos Açores”.

Os promotores da iniciativa, que também criticam as “melhores condições de trabalho e melhores remunerações” oferecidas aos médicos sem especialidade que foram contratados, questionam, por isso, se “vale a pena cumprir um internato de especialidade com quatro anos”.

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