Milhares de foliões nas ruas da Terceira durante quatro dias

O Carnaval da Terceira que arranca no sábado e se prolonga até à meia-noite de terça-feira, envolve mais de meia centena de manifestações de teatro popular, que subirão a palcos espalhados por toda a ilha.
As tradicionais danças e bailinhos de Carnaval da ilha Terceira levam aos palcos mais de 1.000 músicos e atores amadores, que dançam, cantam e representam durante quatro dias, cumprindo uma tradição que levou as autoridades regionais e locais a conceder na ilha uma tolerância de ponto que também inclui a segunda e a quarta-feira.

Estas atuações misturam música e teatro, sendo que, na maioria dos casos, os dançarinos, que podem ou não ser simultaneamente músicos, formam duas filas em cima do palco, podendo ainda existir um ‘mestre’ ao centro, que ‘puxa a dança’.

Normalmente, a atuação começa com uma música de saudação e termina com outra de despedida, sendo interpretado no meio um tema que introduz o momento teatral, que é intercalado com curtos episódios musicais.

Para quem participa em danças e bailinhos, o Carnaval começa meses antes com os ensaios, que decorrem em palcos ou garagens e são também encarados como momentos de convívio.

Francisco Toste, um dos atores principais num bailinho da freguesia da Fonte do Bastardo, admitiu que, quando começou a participar no Carnaval, considerava que era “um desperdício” passar tanto tempo a ensaiar para subir aos palcos durante um período tão curto, mas, 17 anos depois da primeira atuação, continua a participar todos os anos em bailinhos.

“Isto do Carnaval é um bicho, depois de sair uma vez, quem gosta dificilmente deixa”, afirmou em declarações à Lusa, à margem de um ensaio aberto ao público numa queijaria da ilha.

Francisco Toste salientou que as danças e bailinhos evoluíram “para muito melhor”, já que hoje quase todos os jovens sabem tocar um instrumento, em grande parte devido à formação em filarmónicas e grupos de violas.

No bailinho da freguesia do Porto Judeu, onde participa Carla Leal, as idades dos participantes variam entre 12 e 63 anos.

“As miúdas mais novas são todas filhas de elementos do grupo, que começaram a acompanhar-nos e depois integraram-se”, revelou, salientando que há oito anos que a formação principal do bailinho só inclui mulheres, contrariando a tradição, já que elas antes só tinham direito a segurar os casacos dos maridos.

Originalmente existiam danças de pandeiro, ou de dia, e danças de espada, ou de noite, embora atualmente sejam mais comuns os bailinhos e apareçam também algumas comédias.

À exceção das danças de espada, que têm menos adesão, os restantes géneros pretendem fazer o público rir, na maior parte das vezes com crítica social.

As danças de pandeiro e de espada têm um ‘mestre’ que canta a solo e que manobra um pandeiro ou uma espada, enquanto as comédias são compostas por grupos mais pequenos e excluem os momentos musicais.

 
 
Lusa
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