Missões científica​s já descobrira​m seis zonas hidroterma​is nos Açores

No mar dos Açores já foram descobertas seis zonas hidrotermais “de grande importância”, em 21 anos de missões científicas, mas os investigadores admitem que ainda “há muito por descobrir” no fundo do oceano.
“O que nós conhecemos do mar profundo é o equivalente mais ou menos a um campo de futebol. Portanto, há muito por descobrir”, afirmou à Lusa Ana Colaço, investigadora do Departamento de Oceanografia e Pescas (DOP) da Universidade dos Açores.
Na última semana, uma missão científica internacional descobriu no mar dos Açores um novo sítio hidrotermal, localizado a um quilómetro a este do campo hidrotermal principal do Lucky Strike, que foi batizado de “Capelinhos”, em homenagem à ilha açoriana do Faial.
Esta descoberta levanta novas questões científicas, como qual é a sua fonte de calor, qual a sua idade, será a composição química dos fluídos semelhante ao restante campo e estará a sua fauna relacionada com a do campo hidrotermal principal.
“Todas estas descobertas são extremamente importantes do ponto de vista do conhecimento em si. E depois essas fontes hidrotermais são também responsáveis pelo equilíbrio químico dos oceanos”, referiu a investigadora.
Esta missão oceanográfica, inserida no programa “European Multidisciplinary Seafloor Observation” (EMSO), foi liderada pelo Ifremer e pelo IPGP de França e contou com a participação dos investigadores da Universidade dos Açores Ana Colaço e Pedro Ribeiro.
Segundo disse Ana Colaço, o principal objetivo era a manutenção e recolocação do observatório do fundo do mar no campo hidrotermal Lucky Strike e continuar as séries temporais de estudos, por forma a compreender o funcionamento destes ambientes.
O campo hidrotermal Lucky Strike foi o primeiro a ser descoberto no mar dos Açores, em 1992, e continua a ser um dos maiores e mais conhecidos internacionalmente, despertando, à semelhança das mais recentes descobertas, muito interesse junto da comunidade científica nacional e internacional.
“Nestas zonas, a vida não vai depender do sol. Vai depender daquilo que emitem estes fluídos. É como se houvesse uma fábrica no fundo do mar a produzir matéria orgânica. Do ponto de vista biológico, é extremamente interessante, porque os animais têm de estar adaptados para poderem viver numa zona com ácidos de grande temperatura e carregada de metais pesados”, referiu.
Ana Colaço disse, ainda, que todos os anos se realiza uma missão científica ao Lucky Strike para garantir a manutenção do observatório que lá está instalado e só não ocorrem mais por “ser difícil arranjar financiamento” para as deslocações.

 

Lusa

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