Na noite de Ponta Delgada dança-se para contrariar a doença

Foto de Arquivo - PDL White Ocean
Sem grandes aglomerações, mas com bastante afluência, a vida noturna de Ponta Delgada começou a retomar a normalidade apesar das restrições impostas pela pandemia da covid-19.

De há seis anos para cá, o primeiro sábado de agosto é o dia do ano que junta mais gente no centro de Ponta Delgada, devido à organização da Noite Branca, um evento com concertos em vários pontos da cidade e que concentra milhares de pessoas nas ruas da cidade.

Em 2020, o ano onde tudo o que era habitual foi posto à prova, a Noite Branca foi cancelada e, apesar de as ruas não estarem entupidas de gente, a normalidade impera em alguns dos pontos mais concorridos do centro.

É o caso do bar Tã Gente, que tem as mesas da esplanada todas preenchidas, não existindo espaço para sentar.

“Tem aqui algumas pessoas, mas estamos todos separados. As mesas estão separadas pelo menos dois metros e toda a gente vai ao estabelecimento com máscara e desinfeta as mãos. Acho que é minimamente seguro”, diz à agência Lusa Catarina Ritter, estudante de 24 anos, sentada numa mesa com um grupo de cinco amigos.

Numa mesa mais pequena, com apenas duas pessoas, Maria João Rodrigues, 22 anos, confessa que esperava encontrar “mais gente”, recordando as “multidões de sábado à noite” na baixa da cidade.

“As pessoas não devem relaxar em relação ao vírus, mas acho que temos de aprender a viver com isso. As pessoas estavam com medo no início, mas as medidas foram impostas e a partir do momento que as pessoas seguem as medidas, à partida tem de dar certo”, acrescenta.

O empresário explica que no seu estabelecimento deixaram de servir ao balcão para evitar a concentração de pessoas. Existe “fiscalização habitual” por parte da Polícia de Segurança Pública, sempre de uma “maneira pedagógica, conta.

“Preferimos agora ter menos clientes a eventualmente daqui a um mês sermos obrigados a fechar”, refere.

Naquele quarteirão, onde além do Tã Gente estão o Cantinho do Aljube e A Tasca, concentram-se várias pessoas, naquele que é um dos pontos mais concorridos da noite.

A circular entre os espaços está Júlia Dâmaso, 23 anos, que se diz sentir “segura quanto baste”, apesar de reconhecer que muita gente não está a cumprir as normas de segurança como o distanciamento social ou o uso de máscara.

“Em termos de gente, acho que está normal. As pessoas com segurança claramente não estão, mas o risco envolvido também não é muito alto”, diz à Lusa.

Numas ruas mais ao lado, no bar Raiz, vários clientes dançam ao som de canções de Scissor Sisters ou Abba, entre outros. À porta, João Nuno Gonçalo, 24 anos, salienta que as ruas da cidade “têm gente, mas não demasiada gente”, defendendo que as “restrições devem ser ajustadas a cada realidade” e conforme os casos ativos de covid-19 de cada território.

“As pessoas estão com a segurança necessária para uma região que tem poucos casos de covid-19”, resume o estudante de Medicina, numa altura em que São Miguel regista os 16 casos ativos na região.

Quando fala com a Lusa, o jovem ainda equaciona a entrada no Raiz, palco de uma festa nesta noite. Com cerca de 30 pessoas dentro do bar, circula-se livremente dentro deste amplo espaço, apesar de quase toda a gente preferir concentrar-se junto à mesa de som.

Nos Açores, ao contrário da generalidade do território português, as discotecas têm permissão para funcionar, desde que cumpridas as normas de segurança no interior do espaço.

António Velho, gerente da discoteca Karma Privé, que reabriu em 05 de junho, diz que os clientes têm “cumprido as regras” e salienta que atualmente a lotação “é muito menor”, estando restrita a “dois terços da capacidade da casa”.

“Não é fácil controlar, mas as pessoas têm cumprido as regras e conseguimos controlar a lotação do espaço”, refere o empresário.

No interior da discoteca, além do distanciamento físico entre pessoas, os seguranças espalhados pelo espaço procuram alertar cada cliente para a necessidade do uso de máscara.

Nesta noite, alguns estabelecimentos procuram realizar festas evocativas da Noite Branca. Numa grande esplanada, encontra-se uma grande concentração de pessoas, sem qualquer tipo de distanciamento social e sem o uso de máscara.

Sentado numa das mesas da festa, Brian Tavares, 24 anos, diz que deveria “haver mais fiscalização” para evitar grandes aglomerados.

“Quando saí hoje, não estava à espera de encontrar tanta gente. Acho que está composto demais e aqui neste espaço as pessoas não estão a tomar a medidas de segurança”, declara o técnico de contabilidade.

O jovem acaba por confessar que pretende sair em breve da esplanada por não se sentir confortável com “tanta gente” – gente que procura retomar a normalidade em tempos de pandemia.

Até ao momento, foram detetados nos Açores 175 casos de infeção pelo novo coronavírus SARS-CoV-2, que causa a doença covid-19, verificando-se atualmente 16 casos positivos ativos, todos eles na ilha de São Miguel.

 

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