Novas regras na realização de touradas à corda nos Açores

O Governo dos Açores apresentou esta quinta-feira, na Assembleia Legislativa, um conjunto de alterações ao diploma que inclui as normas que regulam as touradas à corda na Região, com o objetivo “de valorizar esta tradição popular, cujo primeiro registo data de 1622, visando também a melhoria da segurança dos participantes, bem como o incremento do bem-estar animal”, afirmou o Vice-Presidente do Governo.

Sérgio Ávila, considerando que atualmente, entre maio e outubro, se realizam touradas à corda “por todas as freguesias, nos arraiais de várias ilhas dos Açores, envolvendo muitos milhares de pessoas”, sublinhou a necessidade de “aperfeiçoar e adequar a regulamentação existente a novas realidades”, e ao mesmo tempo “reduzir os encargos para os promotores e simplificar, do ponto de vista administrativo, a organização das touradas à corda, melhorando a sua qualidade” e passando a ser possível que os promotores das touradas à corda passem a poder entregar os requerimentos nas lojas da RIAC – Rede Integrada de Apoio ao Cidadão, acompanhados de informação da PSP sobre a inexistência de impedimentos de ordem pública.

As alterações propostas são, salienta Sérgio Ávila, no sentido de criar condições para que “seja desfrutada pelas populações em melhores condições de segurança, ficando assegurada uma ainda maior proteção do bem-estar animal”.

No decorrer do debate foi votada favoravelmente, uma proposta da bancada do PS que elimina a proibição de se realizaram espetáculos tauromáquicos no arquipélago em dias de eleições.

A proposta socialista gerou grande contestação entre os partidos da oposição, que temem que esta eliminação possa gerar uma maior abstenção, sobretudo nas ilhas da Terceira, Graciosa e São Jorge, onde existe uma maior tradição na realização de touradas à corda.

Mas André Bradford, líder parlamentar socialista, disse estar convicto de que os açorianos são cidadãos esclarecidos e que podem fazer “duas coisas ao mesmo tempo”.

“As pessoas são capazes de dar concretização às suas obrigações cívicas, ao mesmo tempo que também são capazes de viver as suas tradições. Nós achamos que os açorianos são capazes de fazer as duas coisas ao mesmo tempo”, insistiu o parlamentar socialista.

Artur Lima, do CDS, lembra que os aficionados das touradas, em especial na ilha Terceira, vivem muito esta tradição, ao ponto de saírem de casa cedo para assistirem a espetáculos tauromáquicos noutras freguesias, situação que poderá afastar as pessoas dos atos eleitorais.

César Toste, da bancada do PSD, também disse não ter dúvidas de que, “se houver uma tourada, menos pessoas vão votar” nesse domingo, recordando que existe mesmo experiência disso no passado.

Já Zuraida Soares, do Bloco de Esquerda, entende que esta proposta do PS pretende apenas “servir interesses partidários”, e ao mesmo tempo, fazer os deputados de “tolos”.

Também Paulo Estevão, do PPM, contestou a proposta socialista, advertindo que a realização de touradas em dia de eleições, pode mesmo gerar problemas de segurança.

“Se o edifício onde se irá proceder o ato eleitoral, estiver no perímetro da tourada, isso irá significar até um risco para as pessoas que querem votar”, realçou o parlamentar monárquico.

Apenas o PCP não participou neste debate.

 

 

Açores 24Horas c/Lusa

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