Foi esta quarta-feira lançado, no Teatro Micaelense, o livro “GENTE COMO EU” de Carlos Olyveira, uma obra fotográfica que retrata vivências dos sem-abrigo em Ponta Delgada, conferindo-lhe o autor uma visão que extravasa as fronteiras impostas pelo oceano e que a torna transversal a outros rostos, com os mesmas estória, e através da qual Carlos Olyveira espera sensibilizar a comunidade, contribuindo no combate à indiferença.
“GENTE COMO EU” entrelaça o trabalho fotográfico do autor com textos do músico Zé Pedro e do sociólogo da Associação Novo Dia, Paulo Fontes, e mais do que ilustrar o que está a ser feito, alerta para o muito que falta realizar no sentido de minorar o sofrimento destas pessoas.
Carlos Olyveira confessa-se um apaixonado de fotografia social “em particular aquela que envolve pessoas”, conta o autor a quem a fotografia de rua seduz particularmente e onde “retratar os sem-abrigo surge naturalmente neste contexto…no trabalho opto conscientemente por uma abordagem o mais humana possível, dando enfase aos rostos destas pessoas onde se encontra a sua vida sofrida e o seu olhar, muitas das vezes perdido”, reflete.
Nesta obra em particular “o Preto e Branco garante à partida uma maior carga dramática … A opção foi deliberada…despertar consciências e lutar contra a indiferença foi o objetivo”, explica o fotógrafo, que reforça a necessidade de retratar esta realidade social, e referiu-se a Ricardo, sem-abrigo que em fevereiro de 2015 foi encontrado sem vida no meio da rua, junto ao Campo de São Francisco. “A perda de uma vida é sempre dramática. Esta situação chocou-me particularmente, como se já não bastasse o quadro geral”, lamentou.
Na apresentação da obra, Fátima Rego Ponte, vereadora que tutela a área da ação social da Autarquia de Ponta Delgada, assume que esta temática é uma prioridade da Câmara Municipal, onde “as gentes retratadas são-nos bastante familiares, conhecemos as suas histórias de vida, as suas angústias, as suas necessidades e também as suas alegrias, resultantes do trabalho que com eles fazemos através do nosso projeto Casa dos Manaias” acrescentou.
A Casa dos Manaias “ nasceu com o objetivo primordial de dignificar o ser humano, proporcionando um espaço, uma casa de ocupação diurna em que com todo o conforto estes homens e mulheres podem comer condignamente, podem desenvolver as suas capacidades intelectuais, culturais e artísticas e em simultâneo receber apoio psiquiátrico e psicológico, com vista à sua integração social”, disse a vereadora realçando a importância “deste novo olhar para estes seres humanos: Eles são gente como nós e qualquer um de nós poderá ser um deles”.
A obra, disponivel na MIOLO – Livraria, Galeria, Editora, foi apoiada pelo Rotary Club de Ponta Delgada e a sua venda reverte a favor da Associação Novo Dia.
Pode seguir a obra de Carlos Olyveira em http://olhares.sapo.pt/olyveira.azores/
SM/ Açores 24Horas
Fotos -Carlos Olyveira
