Plano para salvar lagoa das Furnas recebe na sexta-feir​a Prémio Nacional de Paisagem

O projeto para salvar a lagoa das Furnas, nos Açores, de se transformar num pântano tem levado à limpeza e reconversão de centenas de hectares nas encostas envolventes, “empreitada” que recebe na sexta-feira o Prémio Nacional de Paisagem.
O ministro do Ambiente, Jorge Moreira da Silva, entrega na sexta-feira em Lisboa o Prémio Nacional de Paisagem 2012, que foi instituído no ano passado, ao Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica da Lagoa das Furnas.
O problema da Lagoa das Furnas, na ilha de São Miguel, chama-se eutrofização e traduz-se num excesso de matéria orgânica nas águas, por causa de uma concentração, também excessiva, de nutrientes. O problema agravou-se a partir da década de 60 do século passado, devido, sobretudo, à utilização da zona envolvente para pastagens e outros fins agrícolas, com recurso a fertilizantes e químicos.
Houve ainda uma degradação da paisagem, com a proliferação das pastagens ou a perda de vegetação nativa.
O Plano de Ordenamento da Bacia Hidrográfica das Furnas tem como objetivo último recuperar as águas da lagoa, mas “é um instrumento determinante de um desenvolvimento sustentável em todos aspetos: ambiental, económico, social, cultural e estético, no que concerne à definição de regras e medidas de uso, ocupação e transformação do uso do solo e gestão da área geográfica, numa perspetiva dinâmica e integrada”, destacam os seus promotores, na página oficial na internet do projeto.
O Plano entrou em vigor em 2005 e, desde então, já houve intervenção em centenas de hectares, visando recuperar a paisagem e mudar o tipo de utilização dos terrenos, procurando evitar que aquilo que desce e é levado para as águas provoque a sua degradação e inverter o processo de eutrofização.
Ao mesmo tempo, o projeto pretende “aumentar a biodiversidade”, combatendo a “monotonia” paisagística e ecológica que resulta de “monoculturas de grandes áreas de pastagens semi-intensivas e floresta mono-específica” de criptoméria, ao mesmo tempo que se minimizam os “riscos geotécnicos”, associados a solos instáveis, muita chuva e atividade sísmica e vulcânica.
Tudo isto a par da “salvaguarda da sustentabilidade dos rendimentos”.
“Após a aquisição de terrenos e subsequente remoção de vacas e fertilizantes da bacia hidrográfica da Lagoa das Furnas, surgiu uma oportunidade de mostrar alternativas sustentáveis aos rendimentos dos agricultores”, garantem os responsáveis pelo projeto, referindo que a aposta passa pela diversificação das atividades e pelo setor do turismo.
Segundo alguns dados fornecidos à Lusa pela Secretaria Regional dos Recursos Naturais do Governo dos Açores, no âmbito do projeto, foram até agora adquiridos cerca de 265 hectares de pastagens e floresta e removidas “dezenas de toneladas de resíduos poluentes nas antigas explorações, linhas de água e caminhos agrícolas entre os quais plásticos, pneus, viaturas obsoletas, sucata e embalagens poluentes”.
Por outro lado, já foi erradicada a “flora invasora” de 160 hectares de pastagens e plantas das mais de 115 mil árvores e arbustos em 45 hectares públicos. Outros 34 hectares de pastagens foram florestados pelos proprietários.
Segundo os mesmos dados, foram construídas dez bacias de retenção nos leitos das ribeiras afluentes à lagoa de onde se extraem cerca de 20.000 metros cúbicos de terra por ano.
O Ministério da Economia, numa nota enviada às redações, sublinha que o objetivo do Prémio Nacional de Paisagem é “aumentar a sensibilização da sociedade civil para a importância das paisagens” como fator de identidade e de desenvolvimento.
Por ser o vencedor do Prémio Nacional de Paisagem, “Furnas, Laboratório de Paisagem” será o candidato português à 3.ª edição do Prémio da Paisagem do Conselho da Europa 2012-2013.
Os Açores recebem ainda uma menção honrosa no Prémio Nacional de Paisagem, atribuída ao projeto “Proteção e Gestão da Paisagem do vulcão dos Capelinhos”, na ilha do Faial.

 

Lusa

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