Produtor da Terceira assegura que produção de vegetais por bioponia é rentável

O letreiro convida a comprar, apenas aos sábados, alfaces “biopónicas”, livres de fertilizantes químicos e produzidas com elementos nutritivos extraídos de uma solução líquida enriquecida pela compostagem sem recurso à utilização do solo (hidroponia)

“Interessei-me pela hidroponia através de um artigo de uma revista. Tinha 18 anos e vivia em Angola, onde realizei algumas experiências, mas só agora, 40 anos depois do interesse inicial, estou a produzir verdadeiramente por este método”, afirmou António Gomes, que é único produtor da Terceira, Açores, que utiliza este método.

A hidroponia, que ainda não tem legislação em Portugal, possui diversos sistemas de produção, um dos quais é a bioponia, pela qual António Gomes optou depois de ler muita documentação e ter tirado um curso pela Internet numa universidade espanhola.

Este produtor começou as experiências há 10 anos em vasos, tendo investido desde 2005 cerca de 180 mil euros, incluindo um apoio da União Europeia de 50 mil euros.

“O investimento é rentável porque ainda importamos muitos vegetais e esta produção demora 25 dias para uma alface com 250/300 gramas, que é menos tempo do que a produção no solo, que leva 35 a 40 dias”, frisou.

Com recurso a três estufas com pouco mais de 1.000 metros quadrados e um terreno exterior com uma área com cerca de 300 metros quadrados, António Gomes produz oito variedades de alface, três chicórias e uma acelga, preparando-se para começar a produzir agriões, azedas e espinafres.

Antes deste projeto, em associação com uma empresa de Lisboa, tentou comercializar estufas para forragens hidropónicas destinadas ao gado, mas abandonou porque “os lavradores não se convenceram de que aquilo era funcional e nutritivo”.

Para tornar os custos de produção mais baratos, António Gomes faz a manutenção e o controlo sozinho, sendo apenas pontualmente ajudado “por uns jardineiros”, além de produzir ele próprio o fertilizante.

“Faço compostagem com recurso a restos dos cortes de abrigos, relva e folhas de árvores, que depois é colocada num recipiente próprio onde passa a água que ganha os nutrientes e que é usada para alimentar as raízes das diferentes variedades em produção”, explicou.

O futuro desta exploração, toda construída de forma artesanal, vai passar pela comercialização de “hidrosaladas”, embaladas e vendidas por 10 euros o quilo junto à área da produção, garantindo um produto “de elevada qualidade, mais tenro e com melhor sabor”.

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