Proposta para a Saúde nos Açores sem “qualquer qualidade” – médicos do hospital da Terceira

Os médicos do hospital da Terceira consideraram hoje que a proposta de reestruturação do Serviço Regional de Saúde apresentada pelo executivo dos Açores “não tem qualquer qualidade”, manifestando-se “muito preocupados” com a reforma que poderá ser concretizada.
As críticas foram feitas pelo médico Mário Toste, em declarações aos jornalistas em Angra do Heroísmo, dizendo que falava “em nome do corpo clínico” do Hospital Santo Espírito da Ilha Terceira (um dos três que existem nos Açores).
Segundo o responsável, 96% dos médicos do hospital assinaram um parecer sobre a proposta de reestruturação da Saúde nos Açores que enviaram ao secretário regional Luís Cabral, com esta pasta no executivo açoriano, e aos partidos com assento no parlamento da região.
Para os médicos da Terceira, a proposta, que esteve em discussão pública até à semana passada, “não tem qualquer qualidade para ser apresentada ou até discutida”, atendendo à “complexidade que a reestruturação de um Serviço Regional de Saúde implica e à maneira como foi feita”.
Entre outros aspetos, o corpo clínico do hospital da Terceira “condena a maneira como o documento foi elaborado, sem qualquer estrutura” ou a falta de um diagnóstico da situação atual.
O médico referiu ainda que os números são apresentados de forma aleatória, que os rácios não se aplicam a uma realidade como a dos Açores e que não é apresentado qualquer estudo sobre o impacto económico das medidas propostas.
Mário Toste diz também que “não se vê como” é que se vai melhorar a qualidade e a proficiência dos cuidados, quando o documento parece fazê-la depender dos números. Por outro lado, afirmou, a proposta aparenta ser transferir os doentes para o centro de maior complexidade, para melhorar a qualidade e proficiência dos médicos “que trabalham lá”, esquecendo os restantes clínicos.
Os médicos do hospital da Terceira manifestam-se também muito preocupados por o secretário regional da Saúde ter andado a prestar esclarecimentos e a receber opiniões sobre o documento “sem qualquer critério científico”.
“As pessoas vão opinando e ele, a cada opinião que recebe, vai alterando aquilo que era o documento inicial, sem que se perceba um fio condutor, o objetivo, sem que se perceba nada”, afirmou.
Mário Toste fez estas declarações após um encontro com o líder do CDS-PP/Açores, Artur Lima, que pediu a saída do secretário regional da Saúde do Governo dos Açores.
“O senhor secretário, de semana para semana, anuncia que lhe deram mais uma ideia nova e que vai alterar o documento que apresentou a discussão pública”, criticou, apelando ao presidente do Governo Regional para que “tenha a coragem de fazer a alteração que é necessária: alterar esta equipa que está a dirigir a saúde, que é incapaz, que é perigosa para a saúde dos açorianos e que defende lóbis que, cada vez mais se mostram, desde a emergência médica, à medicina física e de reabilitação até à enfermagem”.
O Governo dos Açores prometeu apresentar a versão final para a reestruturação do SRS até 01 de setembro, depois da fase de discussão pública do documento inicial, tendo já dito que acolherá alguns dos contributos que lhe foram apresentados. O secretário regional da Saúde assumiu já alguns recuos, relacionados com aspetos do documento muito criticados, como as especialidades nos hospitais da Terceira e do Faial, que se manterão como estão atualmente.

 

Lusa

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