O anunciado abate de cerca de 150 plátanos, todos com mais de meio século, para permitir a pavimentação de um troço de estrada no concelho da Povoação, em S. Miguel, foi hoje criticado pelo PSD/Açores.
“Estas árvores são um ‘ex-libris’ da freguesia e do concelho”, alertou Francisco Gaspar, presidente da Junta de Freguesia de Nossa Senhora dos Remédios, em declarações à Lusa, numa iniciativa do PSD/Açores.
Em causa está uma estrada em terra batida, com cerca de cinco quilómetros de extensão, ladeada por centenas de plátanos, que vai ser alvo obras de pavimentação num troço com cerca de 1,5 quilómetros, obrigando ao abate de uma centena e meia de árvores.
“As pessoas estão muito revoltadas com esta decisão e, caso se mantenha, vamos avançar com uma petição pública para entregar na Assembleia Legislativa dos Açores”, afirmou Francisco Gaspar, acrescentando que a população reúne-se na sexta-feira para tomar uma decisão.
O autarca salientou que “todo este processo foi conduzido à revelia da Junta de Freguesia”, frisando que desconhece o projeto da obra, que já foi adjudicada a um empreiteiro da Povoação mas ainda não tem data prevista para o início dos trabalhos.
“A obra vai servir os interesses dos agricultores, mas esta estrada é muito mais do que isso”, frisou Francisco Gaspar, acrescentando que se trata de uma “atração turística” que é percorrida por muitas pessoas, especialmente durante o verão.
O anunciado abate dos plátanos levou hoje ao local alguns deputados regionais do PSD/Açores, para quem, além do “crime ambiental”, não se está a cumprir a promessa relativa à denominada Estrada dos Arrastadouros.
“Esta estrada (que tem como base o atual traçado em terra batida) está prometida há uma década, tendo sido anunciada como uma variante à vila da Povoação”, afirmou Francisco Álvares, deputado regional do PSD/Açores e ex-presidente da Câmara da Povoação.
Francisco Álvares salientou que “foi criada uma expectativa” à população local, que agora foi defraudada com o anúncio de uma obra que apenas diz respeito à pavimentação de um pequeno troço com cerca de 1,5 quilómetros, que obrigará ao abate das árvores.
“O traçado que vai ser feito não serve os interesses da estrada que foi prometida”, frisou o deputado regional do PSD/Açores em declarações à Lusa.
Em sentido contrário, um grupo de cerca de uma dezena de agricultores aproveitou a visita dos deputados do PSD/Açores ao local para se manifestarem a favor da obra.
“Estamos aqui a defender as obras de beneficiação de um caminho que serve a lavoura local”, frisou um dos agricultores à Lusa, argumentando a necessidade de alargar o traçado para facilitar a circulação de viaturas em ambos os sentidos.
