Quebra acentuada nos negócios e rendas atrasadas : Empresários temem despejo das Portas do Mar

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Grande parte dos empresários das Portas do Mar está de cabelos em pé. Os negócios estão mal e, em muitos casos, as vendas decresceram entre 50 e 90 por cento. Uma situação que obrigou esses empresários a despedir alguns trabalhadores. O problema é que nem mesmo os despedimentos resolveram a crise por que passam tanto os estabelecimentos ligados à restauração com outros existentes no espaço Portas do Mar. Há casos em que o dinheiro mal chega para pagar as rendas que muitos consideram ser demasiado elevadas, defendendo mesmo a necessidade de se rever os preços praticados. E há empresários que têm as rendas atrasadas e correm mesmo o risco de serem penalizados por isso. Fala-se já em acções de despejo

 
João Rief, proprietário do restaurante 100 Espinhas disse ao Correio dos Açores que no caso do seu estabelecimento o negócio baixou 90% em relação ao Verão.
Este Inverno sofremos uma quebra de 90% em relação ao Verão. A situação ficou muito complicada acentuou.
O empresário adiantou que se a situação actual não se alterar brevemente, estamos a preparar-nos para o pior e podemos mesmo optar por alguns despedimentos. As coisas não estão assim tão bem. Esperávamos que o negócio sofresse uma quebra no Inverno, mas não da forma como está. Sofremos uma quebra muito grande. Nunca pusemos a hipótese de fechar durante o Inverno, mas o facto é que não estamos a conseguir assegurar todos os postos de trabalho.
Na sua opinião, as Portas do Mar poderão continuar a ser um espaço sazonal, se não for feito nada para mudar o actual estado de coisas. Defende que é necessário humanizar o espaço, criar mais iluminação, sem esquecer a construção de quebra ventos para proteger os nossos clientes. Se se avançar neste sentido, penso que este espaço poderia funcionar com alguma normalidade ao longo de todo o ano. Se não se fizer isto, julgo que muitos não vão conseguir manter-se abertos por muito tempo.
João Rief não hesita em afirmar que a situação de crise por que passam alguns empresários das Portas do Mar (fala no seu caso pessoal, sobretudo) leva a que as rendas, muitas vezes, não sejam pagas atempadamente. Diz mesmo que se deveria repensar os preços praticados actualmente no espaço.
Penso que deveriam ser praticadas rendas diferentes, porque estamos inseridos num espaço também diferente e acho que o arquitecto que desenhou este projecto não conhece a realidade dos Açores sustenta.
Pedro Vieira, proprietário do Bar do Pi, também não está satisfeito com a actual situação e afirma ao nosso jornal que já se viu obrigado a despedir pessoal.
Esperávamos uma quebra do Verão para o Inverno, mas não tão acentuada. A situação obrigou-me a despedir pessoal. Em relação ao Verão tivemos uma quebra acentuada no negócio confirma.
Este empresário defende que as Portas do Mar são, pelo menos até agora, uma obra inacabada. Falta fazer muita coisa para dar conforto a quem por aqui passa e acho que é necessário pensar muito a sério nisto, porque se assim não for não vai resultar.

 

 

É preciso corrigir algumas coisas

 

Já o gerente da perfumaria (), Fernando Gonçalves, afirma que, apesar de ter registado alguma quebra no negócio entre o último Verão e o presente Inverno, a situação não está tão mal quanto isso.
Este espaço é óptimo. Obviamente que é necessário corrigir algumas coisas, como, por exemplo, fazer uma cobertura para abrigar os nosso clientes do vento e da chuva, mas ninguém pode negar que este espaço esteja ao nível dos melhores. E como o turismo nos Açores é sazonal, é perfeitamente normal que as Portas do Mar também o sejam – defende.
Fernando Gonçalves preconiza que é preciso ter uma visão mais aberta e temos que estar confiantes em relação ao futuro. Ainda não tenho expectativas relativamente aos tempos mais próximos, mas sei que as guerras políticas não beneficiam ninguém. Estou muito satisfeito com este espaço, apesar de saber que há coisas que precisam ser corrigidas. E nunca compreendi por que razão se construiu dois parques de estacionamento subterrâneos juntos, por exemplo. Acho que isso só prejudica os empresários e os nossos clientes.

 

 

Falta iluminação na zona

 

Por seu lado, Carina Soares, gerente da loja Sport Dream, afirma ao Correio dos Açores que, em relação, ao Verão a quebra nas vendas foi superior a 50%. Na sua opinião, é necessário alterar algumas coisas nas Portas do Mar para que os comerciantes da zona possam rentabilizar os seus negócios ao longo de todo o ano e não apenas no Verão.
Penso que seria necessário, em primeiro lugar, a criação de condições para que as pessoas se sintam confortáveis nas Portas do Mar. O nosso clima é muito instável e penso que se deveria criar uma estrutura que nos permitisse ficar sempre abrigados, mesmo quando se passa no corredor entre as lojas. Acho ainda que é necessário dinamizar este espaço ao longo do ano e não apenas no Verão com concertos e animação de rua. Talvez assim se consiga trazer mais pessoas às Portas do Mar ao longo do ano inteiro. No Verão, não temos problemas com clientes, mas no Inverno a situação está a ser muito complicada.
Também Carina Soares defende mais iluminação para o local, porque esta zona está muito escura e isto também acaba por afastar as pessoas.

 

 

Está difícil manter o negócio

 

Outros empresários com quem o Correio dos Açores falou, que preferiram manter o anonimato por razões diversas, afirmam que há dias em o negócio corre bem, mas há outros em que a situação é muito má.
Já tivemos que despedir pessoal porque sofremos uma grande quebra. E a continuar assim, não sei se vamos conseguir manter o negócio sustenta o gerente de um estabelecimento comercial das Portas do Mar.
Segundo a mesma fonte está mesmo muito difícil conseguir manter o negócio tal como idealizamos.

 

 

Portas do Mar: um espaço de luxo

 

Ventura Soares, proprietário do Doris Bar, admite que também sofreu uma quebra no negócio em relação ao Verão, mas manifesta-se optimista relativamente ao futuro.
Houve de facto uma quebra, mas este é um mal geral, não é exclusivo das Portas do Mar. Deriva da crise por que passamos actualmente e já esperava que isso acontecesse. No entanto, as quebras que se verificaram aqui foram menores do que esperava. O negócio tem vindo a funcionar com alguma normalidade refere.
O empresário adianta que falta concretizar projectos nas Portas do Mar para tornar o local mais aprazível, mas também diz que está em vias de se resolver. A zona comercial das Portas do Mar está um bocado triste, tem muito cimento, precisa de ser uma zona mais alegre, mais apelativa, que cative as pessoas. Mas, já se está a trabalhar neste sentido e vamos ter mais iluminação, o chão vai ser tratado e termos ainda som em todo o espaço. Depois de concluídas as obras previstas, este espaço vai ficar melhor do que já está.
Este é um espaço de luxo e, quando chegam cruzeiros, temos oportunidade de ouvi-los dizer que há poucos lugares no mundo iguais a este. E volto a referir que depois dos projectos previstos isto vai ficar ainda melhor – adianta.

 

 

Agrupamento de empresários nas Portas

 

Fernando Neves, proprietário do restaurante A Colmeia, também contactado pelo nosso jornal, prefere transmitir uma visão optimista sobre as Portas do Mar e diz mesmo que estamos a dar tiros nos pés quando damos uma posição muito negativa sobre o espaço. Trata-se de um espaço novo que ainda procura a sua afirmação. Os empresários também têm de arranjar soluções para se ultrapassar alguns problemas e é preciso haver um diálogo muito forte entre os empresários devidamente organizados e as entidades competentes para que se possam encontrar soluções.
Fernando Neves acrescenta que alguns dos empresários das Portas do Mar têm reunido com alguma frequência para discutir os problemas e tentar encontrar soluções para aquele espaço.

 

 

 

 

in Correio do Açores / Lubélia Duarte

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