Relatório Final da “Campanha Limpa (a) Fundo”

limpezamar1“É importante sensibilizar a população, nomeadamente os mais jovens que são os futuros utilizadores do mar, para que gradualmente as pessoas se conscencializem de que são elas próprias as prejudicadas quando fazem do mar um caixote do lixo sem fundo.”  – Pedro Monteiro/OMA

 

 

 

A Campanha Limpa (A) Fundo 2009, uma iniciativa do Observatório do Mar dos Açores em parceria com o Clube Naval da Horta e a Dive Azores, teve lugar, no dia 17 de Outubro, no Porto da Horta e em entre Montes.

Tendo como objectivo primordial a sensibilização da população local (com especial enfoque na comunidade piscatória) para o problema da utilização do mar como local de depósito de lixo, os voluntários que aderiram a esta iniciativa reuniram-se às 10 horas em frente à lota para dar início aos trabalhos de limpeza.

As equipas de limpeza do Porto da Horta, formadas por elementos de diversas entidades (OMA – Observatório do Mar dos Açores, o CNH – Clube Naval da Horta, o DOP – Departamento de Oceanografia e Pescas da UAç, Ecoteca, Norberto Diver e o Clube do  Mar), por alunos de escolas locais (EBI António José Ávila, Casa de Infância de Stº António e Escola Profissional da Horta) e outros voluntários anónimos, não tiveram mãos a medir.

 

 101_6018Os trabalhos de limpeza decorreram durante toda a manhã com as equipas de mergulhadores (na sua maioria alunos do curso CET Op MAR do DOP) a efectuarem a recolha do lixo que se encontrava no fundo do mar, enquanto as equipas de apoio em terra traziam o lixo para o cais e faziam a triagem dos resíduos recolhidos.

 

 

A estas equipas juntaram-se ainda uma embarcação do CNH, uma do DOP e outra da Policia Marítima que estiveram presentes no local para dar apoio aos mergulhadores e ajudar a delimitar a zona de limpeza.

 

Esta acção de limpeza subaquática teve a duração de aproximadamente 2 horas e estendeu-se ao longo do Porto da Horta, abrangendo uma área total de aproximadamente 2000 m2 de onde foram recolhidos perto de 2 toneladas de resíduos.

Por seu lado, a limpeza da Baía de Entre Montes esteve a cargo da equipa da Dive Azores, composta por 6 mergulhadores de escafandro autónomo. Nesta área foram recolhidos 100Kg de resíduos.

 

No final desta operação contabilizaram-se os seguintes resíduos:

 

· Vidro – essencialmente garrafas de cerveja e algumas de vinho

 

· Resíduos de pesca – linhas de nylon e metálicas, cabos.

 

· Metais – essencialmente latas de bebida e algumas de conserva.

 

· Plásticos – garrafas pequenas e garrafões cortados, possivelmente usados para tirar água das embarcações.

 

· Lixo Indiferenciado – essencialmente constituído por roupa, botas de borracha e ténis, algumas canas de pesca e peças metálicas (tubos), 2 “bicos” de espadarte e 3 filtros de óleo.

 

· Baterias – encontrou-se apenas uma bateria de automóvel ou semelhante e 3 pilhas de tamanhos diversos.

 

· Pneus – 85 pneus de várias dimensões

· Equipamento Electrónico – 1 balança, 1 telemóvel, 1 ferro-de-soldar, 1 lanterna, 1 coluna de rádio, 1 auto-rádio, cabos eléctricos, 1 relógio digital de pulso.

 

limpezamar3A equipa responsável pela separação dos resíduos, coordenada por Paula Lourinho do DOP, Rosa Dart e Dina Downling da Ecoteca e Márcia Dutra do OMA, contabilizou três contentores de 800 litros de lixo: um contendo resíduos de vidro, outro de plástico e o último com o  restante lixo (indiferenciado), tendo a bateria, as pilhas e os pneus sido separados à parte.

 

 

 

As equipas de voluntários participantes desta iniciativa foram compostas por:

· 18 Mergulhadores de escafandro

· 12 Apneístas

· 120 voluntários (aprox.) de Apoio em Terra, incluindo 53 crianças, salientando-se ainda a participação de 2 voluntários que se deslocaram do Pico e 5 turistas Ingleses, Americanos e Australianos que também quiseram dar o seu contributo.

 

 

O excelente trabalho realizado pelas equipas que integraram esta iniciativa contou com a colaboração da Lotaçor, a qual disponibilizou as suas instalações e equipamentos (balança e carros de mão), com o Núcleo do Faial da Cruz Vermelha Portuguesa, que prestou os serviços de pronto-socorro, e ainda com a Policia Marítima que assegurou a segurança em terra e no mar.

A CMH – Câmara Municipal da Horta também deu o seu apoio a este evento com a colocação de 8 contentores de lixo junto à lota para a recolha dos resíduos. O destino destes resíduos ficou a cargo da CMH e do Grupo Bensaúde.

 

A Capitania do Porto da Horta e a APTO S.A., também sensibilizadas para esta iniciativa, facultaram gratuitamente as licenças para a realização desta acção de voluntariado. De realçar ainda o apoio da APEDA – Associação de Pescadores de Espécies Demersais dos Açores, que interveio junto dos seus associados e os alertou  para a realização deste evento.

Esta acção de limpeza fez parte da campanha mundial “Clean Up the World –Limpar o Mundo” cujo objectivo é levar participantes, em regime de voluntariado, a tornar mais limpa uma zona à sua escolha, organizando um grupo de trabalho para o efeito.

 

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Balanço

 

 

 

O tipo de resíduos recolhidos nesta operação revela que estes deverão ser resultado de comportamentos menos conscientes por parte do sector pesqueiro, que infelizmente ainda não estará suficientemente sensibilizado para os problemas adjacentes a estas práticas.

As quantidades de resíduos recolhidas não diferem muito das de outras campanhas realizadas em anos anteriores, o que denota que estas acções

ainda não produziram os efeitos desejados.

 

Estes resultados sugerem ainda que estas práticas ocorram habitualmente entre a comunidade piscatória, em alto mar e durante a faina, o que revela um comportamento incoerente, uma vez que aqueles que vivem do mar e a pesca,  acabam por ser os seus grandes “inimigos”. É de realçar, contudo, a participação de alguns pescadores que se encontravam no local.

 

 No entanto, a grande adesão por parte da comunidade local, em especial dos mais jovens, é um indicador evidente e positivo de que se poderá evoluir para uma maior consciencialização e respeito pela importância deste recurso natural essencial para o Arquipélago dos Açores e para todos nós.

Pelo que resulta evidente que a realização de acções desta natureza é fundamental para a continuidade deste tipo de educação e sensibilização ambiental.

RELATORIO LIXO 20091017

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

Texto-Pedro Monteiro/OMA

 

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