Secretário da Saúde dos Açores mantém confiança na administração do Hospital de Ponta Delgada

O secretário regional da Saúde dos Açores disse hoje que mantém confiança na administração do Hospital do Divino Espírito Santo (HDES), que foi condenado a pagar mais de 30 mil euros de créditos laborais ao ex-diretor informático.

“Não há qualquer razão para não manter. Leiam a sentença e percebe-se que não há qualquer fundamento para deixar de ter confiança numa situação individual. Estamos numa região em que à falta de melhor tentam pegar em casos e casinhos, em casos individuais, sem perceber a generalidade de um setor com a complexidade e a exigência da saúde”, afirmou o titular da pasta da Saúde nos Açores, Clélio Meneses.

O governante falava aos jornalistas à margem de uma reunião com o conselho de administração e com os diretores dos serviços de urgência do Hospital de Santo Espírito da Ilha Terceira (HSEIT), em Angra do Heroísmo.

O Tribunal do Trabalho de Ponta Delgada condenou, na quarta-feira, o Hospital do Divino Espírito Santo, em Ponta Delgada, a pagar mais de 30 mil euros de créditos laborais ao ex-diretor informático, Ricardo Cabral, com contrato entretanto rescindido pela unidade de saúde.

Na sentença, a que a agência Lusa teve acesso, o tribunal condenou o Hospital do Divino Espírito Santo de Ponta Delgada a pagar ao queixoso 32.516,29 euros.

Em causa está uma ação do ex-funcionário contra o hospital, levantada depois de um ataque informático de que a unidade de saúde foi alvo e que resultou num diferendo entre o ex-diretor informático e a administração hospitalar, que culminou na saída de Ricardo Cabral.

Questionado sobre a condenação, Clélio Meneses recusou comentar “decisões dos tribunais”, lembrando que “ainda vai ser objeto de recurso”.

“Acho importante que alguém, antes de fazer juízos sobre a matéria, leia a sentença e perceba todos os factos que estão considerados provados e que não vão ao encontro daquilo que era a reivindicação e o ruído que foi feito à volta desta matéria”, afirmou.

O conselho de administração do hospital também já se tinha pronunciado sobre a sentença, na quinta-feira, congratulando-se com a “reposição de grande parte da verdade”.

Em comunicado de imprensa, o hospital salientou que, em 16 de junho de 2021, existiam “equipamentos de firewall por instalar” e computadores e servidores “sem instalação de um programa antivírus”.

Afirmou ainda que a decisão do Tribunal comprova que “não estavam instituídos procedimentos que impedissem os técnicos de informática e os fornecedores de usar a mesma conta para acessos administrativos e não administrativos”.

O conselho de administração do HDES frisou também que “havia um modelo de rede única de servidores e computadores” e que “não estava implementado um procedimento de atualização das ‘passwords’ de acesso ao sistema”.

Em 24 de junho de 2021, o Governo Regional dos Açores informou ter sido detetada “uma tentativa de intrusão externa no sistema informático” do Hospital de Ponta Delgada, tendo sido acionado um plano de contingência.

Na sequência dessa “tentativa de intrusão externa no sistema informático” do hospital, foi decidido desligar todo o sistema informático, o que terá sido feito sem se consultar o então diretor informático.

Ouvido na Assembleia Legislativa dos Açores, Ricardo Cabral rejeitou responsabilidades nos problemas informáticos ocorridos na unidade de saúde, criticando “o caminho errado” e “perda de raciocínio lógico” da administração.

Aos deputados disse ainda que a sua comissão de serviço no hospital foi “interrompida sem aviso prévio” e que as suas contas estavam, por regularizar.

“O que eu não posso admitir de forma alguma foi terem colocado em causa a minha competência e profissionalismo, difamando-me na praça pública, associando-me a um bandido, expulsando-me com escolta de dois seguranças”, denunciou.

Por seu lado, também ouvida no parlamento açoriano, a presidente do conselho de administração do Hospital de Ponta Delgada afirmou que a decisão de “isolar informaticamente” a unidade de saúde “foi correta e eficaz”, considerando que o ex-diretor de informática “desvalorizou” a suspeita de ataque informático.

“Foi uma atitude correta. Foi uma atitude de risco, mas tornou-se eficaz. E voltaríamos a tomá-la”, afirmou Cristina Fraga.

 

 

Lusa

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