O coordenador para os Açores do Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas, José Arsénio, manifestou-se hoje “muito preocupado” com a eventual privatização da EDA, a elétrica regional.
“Ainda ficámos mais preocupados com a resposta do senhor secretário regional do Turismo e Transportes, Vítor Fraga, que pegou nas palavras do presidente do Governo dos Açores, quando disse que quando acontecer alguma coisa, os primeiros a saber serão a Assembleia Legislativa Regional dos Açores e os representantes dos trabalhadores”, referiu.
O dirigente sindical falava à Lusa na sequência de um encontro mantido hoje com o secretário regional Vítor Fraga, em Ponta Delgada.
José Arsénio sustenta que Vítor Fraga não disse “nem sim nem não”, o que significa que a privatização da elétrica poderá acontecer a “qualquer momento”, podendo “levar um mês” ou “um ano”.
“Nós, desde o início, desde a primeira fase de privatização que aconteceu na empresa, pela experiência do que tem acontecido nas outras empresas, somos radicalmente contra. E com esse passo, em que a EDA vai ficar maioritariamente no setor privado, somos frontalmente contra”, defendeu.
O sindicalista considerou que quem concorre a uma privatização só pretende “obter dinheiro”, o que na EDA só pode acontecer de três formas: reduzindo os investimentos; aumentando o tarifário ou baixando os custos com pessoal.
José Arsénio explicou que os trabalhadores propuseram ao secretário regional, por outro lado, uma discriminação positiva dos seus vencimentos face aos “sucessivos cortes” desde 2011, na sequência da aplicação dos orçamentos do Estado.
“Esta questão é fundamental para nós porque temos uma particularidade em relação às outras empresas públicas nos Açores. Nós já temos 49,9 por cento do capital da EDA que é privado, sendo que os cortes [salariais] que estão a acontecer têm ficado nos cofres da empresa, resultando em lucros divididos pelos acionistas”, declarou.
O sindicalista alerta que os trabalhadores têm contribuído menos em sede de IRS e para a segurança social e o seu poder de compra diminuiu, o que “só prejudica” a economia da região.
“Nós levámos esta preocupação ao senhor secretário. Vemos a situação da SATA e não queríamos ter aqui um tratamento diferenciado, até porque somos uma empresa no contexto regional completamente diferente, que está bem, que gera lucros”, conclui.
O Sindicato das Indústrias Elétricas do Sul e Ilhas é a estrutura sindical mais representativa da EDA, possuindo mais de 300 associados.
Lusa