Sindicatos atribuem aumento da criminalidade a falta de estratégia

pspResponsáveis sindicais das forças de segurança atribuíram esta quinta-feira o aumento da criminalidade à falta de uma estratégia de segurança interna a longo prazo, defendendo uma reestruturação das políticas e o reforço dos meios.

Em declarações à agência Lusa no dia em que o Relatório Anual de Segurança Interna de 2008 é apresentado publicamente, o porta-voz da Comissão Coordenadora Permanente dos Sindicatos e Associações das Forças e Serviços de Segurança, Jorge Alves, criticou que, em Portugal, não exista “uma estratégia séria e definida por parte das diversas tutelas que detêm as forças e serviços de segurança”.

 

“Isto faz com que se trabalhe em cima do joelho e se trabalhe pontualmente situações que vão acontecendo, o que piora a situação. Devia haver uma paragem e uma reflexão para formular, a longo prazo, um plano de formação, reestruturação e reequipamento das forças com base na realidade que se vive no país”, defendeu o responsável, que é também presidente do Sindicato Nacional do Corpo dos Guardas Prisionais.

 

Opinião partilhada pelo dirigente da Associação Sindical dos Profissionais da Polícia (ASPP/PSP), Paulo Rodrigues, que sublinha a necessidade de o Governo preparar “uma estratégia de segurança e uma programação de atribuição de equipamentos diversos (armas, coletes, viaturas, comunicações) e dos modelos de policiamento a longo prazo”.

“Os Governos podem sempre apresentar planos interessantes na teoria, bonitos e bem elaborados, mas se a polícia não estiver preparada para adoptá-los com rapidez e facilidade, vão acabar por não ter sucesso”, frisou o responsável sindical da PSP.

 

“Os políticos fazem planos a dois ou quatro anos, enquanto estão no Governo, mas isto prejudica a PSP e a segurança dos cidadãos e impossibilita melhorar a resposta. A segurança não pode estar condicionada a isto”, salientou Paulo Rodrigues.

 

Já o dirigente da Associação dos Profissionais da Guarda Nacional Republicana (APG/GNR), José Manageiro, entende que o aumento da criminalidade em 2008 se deve a “políticas de segurança interna erradas”, dando como exemplo o “abandono do policiamento de proximidade”.

 

Recordando que o aumento da criminalidade “não se restringe só à criminalidade violenta, uma vez que também se regista um aumento significativo da criminalidade menos violenta”, Paulo Rodrigues também sublinhou a necessidade de se “apostar no policiamento de proximidade e preventivo e intensificar a formação técnica e táctica em todas as áreas”.

 

“Não podemos ter uma polícia de clínica geral, é preciso que os polícias se especializem em vários serviços para que os diversos ramos possam ser melhorados”, acrescentou o dirigente da PSP.

“Há vários factores que deixam o criminoso mais à vontade, desde a alteração ao Código de Processo Penal até ao encerramento e concentração dos meios que faz com que em determinadas zonas do País se diminua a vigilância, o acompanhamento, o controlo e a manutenção da segurança”, criticou, por sua vez, Jorge Alves.

 

Já o dirigente da APG/GNR salientou que em Portugal “não existe um policiamento preventivo por falta de efectivos para patrulhas”.

Os militares da Guarda “limitam-se a participar as ocorrências e solicitações” diárias, adiantou José Manageiro, lembrando que a tutela “não colocou excedentários da função pública em serviços de secretaria”, que continuam ocupados por militares.

 

Contactados pela agência Lusa, o Comando-geral da Guarda Nacional Republicana (GNR) e a Direcção Nacional da Polícia de Segurança Pública (PSP) escusaram-se a tecer qualquer comentário sobre o Relatório Anual de Segurança Interna de 2008, que hoje será apresentado ao Parlamento.

 

 

 

in Lusa/AO Online

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