Sócrates diz que comissão de inquérito «apenas pretende instrumentalizar a Assembleia da República»

Mantendo que «o Governo nunca foi informado, que nunca deu orientações, fosse a quem fosse, para proceder empresarialmente de um modo ou de outro», José Sócrates classifica a criação de uma comissão de inquérito à alegada actuação do Governo na tentativa de compra da TVI pela Portugal Telecom (PT) como «um ato de profunda hipocrisia política».

 

«Não pretendem apurar nada, mas manter uma suspeição e instrumentalizar a AR [Assembleia da República] no ataque pessoal e político contra mim. (…) Não andam à procura de esclarecimentos, o que querem é um palco para me atacarem», acusa.

 

Assumindo referir-se «em particular, ao PSD», José Sócrates considera que «alguns políticos passaram o limite da consideração e respeito que em democracia é devido aos adversários».

E realça a «actuação muito insólita» de uma comissão de inquérito «feita com base numa coligação entre o BE e o PSD».

 

O primeiro-ministro não esclarece, o que fará se for convocado pela comissão de inquérito, recusando-se a «antecipar cenários».

«Eu respondo perante a grande comissão, que é o Parlamento na sua plenitude. Vou lá de 15 em 15 dias e não deixarei de responder a todas as perguntas e de criticar o comportamento de alguns», limita-se a dizer.

Além disso, acrescenta, o presidente da PT, Henrique Granadeiro, o presidente da comissão executiva da PT, Zeinal Bava, e o ex-administrador da PT Rui Pedro Soares esclareceram o que havia a esclarecer na comissão de ética: que «nunca» informaram o Governo sobre a intenção de comprar a Media Capital.

«Ninguém melhor do que os próprios administradores sabe como as coisas se passaram. Não percebo a quem os deputados querem fazer mais perguntas», vinca, reafirmando que «o Governo nunca foi informado e nunca deu orientações a ninguém para uma acção empresarial no domínio da comunicação social».

«A tese delirante do controlo da comunicação social pressupõe que o Governo deu orientações a alguém para agir de determinada forma. Ora isso não é verdade», garante.

 

José Sócrates reafirma ainda «a ideia de uma cooperação institucional» com o Presidente da República. Reconhecendo que pensa «de forma diferente» de Cavaco Silva nalgumas matérias – estatuto dos Açores, lei da paridade, lei do divórcio, interrupção voluntária da gravidez, enumera -, sublinha que o primeiro ministro e o Presidente da República têm «perfeita consciência dos deveres de cada um» e «respeito pelas suas esferas de competências».

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