SOS Criança dos Açores recebe cada vez mais pedidos de bens de primeira necessidad​e

A linha SOS Criança dos Açores recebeu 190 apelos em 2012, metade dos quais denúncias e os restantes pedidos de apoio para bens de primeira necessidade, que têm vindo a crescer, provavelmente, por causa da crise.
“Não chegam só denúncias à linha. Mas também pedidos de apoio para bens. Têm vindo a aumentar o número de apelos ao SOS Criança pedindo apoio para bens de primeira necessidade para as crianças. Aliás, são estes que claramente têm vindo a crescer, provavelmente, por força da crise que estamos a viver”, afirmou à Lusa Ana Isabel Vieira, coordenadora técnica do Instituto de Apoio à Criança (IAC) nos Açores.
A linha completa este ano 20 anos, funcionando desde a criação do IAC/Açores.
Dos 190 apelos que chegaram, em 2012, à linha regional SOS Criança, “metade foram denúncias de vária natureza, negligência, maus tratos, disfuncionalidade familiar, problemas na escola ou problemas psicológicos”.
Ana Vieira acrescentou que “a outra metade são pedidos de apoio para bens de primeira necessidade” para as crianças, “roupa e alimentos” e, no início do ano letivo, “é também solicitado muito apoio para material escolar”.
“No caso dos pedidos de ajuda, nota-se um aumento por questões claramente económicas. São mesmo relatadas estas situações, ou por desemprego, ou situações de maior precariedade ou porque perderam o Rendimento Social de Inserção”, indicou, explicando que é possível denunciar as situações ou pedir apoio através do telefone, de forma presencial ou por e-mail.
O número regional SOS Criança (296283383), um serviço anónimo e confidencial, deverá ser “a curto trecho” gratuito, segundo a responsável, indicando que a linha tem atendimento das 09:00 às 17:00, mas após este horário “há sempre um atendedor de chamadas”.
De acordo com Ana Vieira, “para pedir apoio, quem liga mais são os familiares”, mas no caso das denúncias “há uma grande percentagem de telefonemas que surgem da comunidade”, de “pessoas que conhecem as situações e as sinalizam”, a própria família (tios e primos) e profissionais da área social ou escolas.
“É muito bom sinal que cada vez mais as pessoas tomem consciência da sua responsabilidade nesta matéria, [de uma situação] que possa pôr em risco a integridade física e psicológica das crianças”, salientou, indicando que os 190 apelos feitos à linha originaram “a abertura de 90 novos processos”.
O IAC tem também outras valências, no âmbito do acordo de cooperação com a tutela, entre elas um centro de acolhimento de emergência temporário que acolhe 10 crianças retiradas à família pelos tribunais.
O Centro de Atividades de Tempos Livres trabalha, em horário extraescolar, com cerca de 30 crianças, entre os seis e os 12 anos, sendo uma valência que integra uma rede regional.
Na valência Animação de Rua, o IAC/Açores trabalha em permanência com cerca de 30 crianças, num projeto que constrói a sua intervenção a partir da abordagem que é feita na rua a crianças e jovens que possam ser identificadas em situações de eventual risco de absentismo escolar ou de fuga, ou em situação de vadiagem.
Ana Vieira disse estarem a sentir-se “com mais intensidade as questões que têm a ver com a subsistência” devido “à precariedade das famílias” que “implicam que mais crianças estejam numa situação de risco a nível de subsistência” e ainda as dificuldades de inserção no mercado de trabalho dos jovens.

 

Lusa

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