
Elizabete Noia, administradora de uma unidade de saúde pioneira no uso da telemedicina nos Açores, afirmou que o uso regular deste sistema imprimiu um “salto de qualidade” na prestação dos cuidados médicos localmente assegurados.
A única unidade de saúde na ilha mais ocidental do arquipélago, que sofre de problemas de acessibilidade, especialmente no inverno quando o mau tempo obriga ao cancelamento das ligações aéreas, começou a recorrer em 2003 às novas tecnologias de comunicação para assegurar o acompanhamento “na hora” por especialistas das consultas e exames realizados no seu centro de saúde.
O serviço de telemedicina avançou na altura como experiência piloto, arrancando como sistema de uso regular três anos depois, salientou Elizabete Noia, acrescentando que o recurso aos equipamentos instalados no centro de saúde tornou possível a realização de “diagnósticos em tempo real” e à distância por médicos especialistas.
Na sequência de um protocolo estabelecido com o centro hospitalar de Gaia, cardiologistas desta unidade de saúde do norte do país acompanham consultas a pacientes com patologia cardíaca, acedendo em direto aos exames realizados.
Dermatologia, pediatria e nefrologia são outras das especialidades para as quais o centro de saúde de Santa Cruz recorre à telemedicina, revelou Elizabete Noia, destacando que se pretende alargar o sistema através de ligações a outras unidades hospitalares, nomeadamente ao hospital da Horta, no Faial.
O centro de saúde da Santa Cruz, única unidade de saúde da ilha das Flores, com cerca de 4.150 habitantes, possui atendimento permanente e tem ao serviço três médicos de medicina geral e familiar e 12 enfermeiros.
No ano passado, esta unidade registou 10.020 atendimentos de urgência e 8.823 consultas de medicina geral e familiar.
Cerca de 90 doentes são atendidos por ano, em média, com recurso à telemedicina, segundo Elisabete Noia.