Um português a duas semanas de conseguir o melhor emprego do mundo

João Ribeiro é o único português entre os muitos concorrentes finalistas a um dos “best jobs of the world”, uma campanha lançada pelo Turismo da Austrália.

 

Quando, em 2009, viu as notícias sobre o inglês que venceu o desafio para o “Melhor Emprego do Mundo” – que era passar seis meses numa ilha paradisíaca na Austrália e contar a experiência nas redes sociais -, João Ribeiro pensou: “Que sortudo este homem, isto é um grande emprego!” Foi por isso que, já em 2013, quando soube que o turismo australiano preparava uma nova campanha (“The best jobs in the world”), este contabilista de 31 anos se inscreveu de imediato, sem avisar ninguém.

“Só a minha namorada e um amigo que me ajudou a fazer o vídeo é que sabiam. Nem aos meus pais disse, porque nunca pensei ser um dos seleccionados”. Mas foi. Entre 330 mil candidaturas, entre elas 12.403 de portugueses. E agora está entre os 25 finalistas para o emprego de “aventureiro”, no interior da Austrália.

A competição para “os melhores empregos do mundo” faz parte de uma estratégia de marketing para promover o turismo internacional de jovens entre 18 e 30 anos de idade na Austrália. Os vencedores recebem um prémio de cerca de 100 mil dólares australianos (cerca de 80 mil euros) por seis meses de trabalho. O nome das 15 pessoas (três por cada uma das seis categorias que estão em competição) que vão passar pela entrevista pessoal na Austrália será divulgado no dia 15 de Maio. O resultado final deve sair a 21 de Junho.

Com uma licenciatura em contabilidade e administração e uma família a trabalhar na área financeira, João Ribeiro trabalha desde sempre num escritório, de fato e, por vezes, gravata. Mas já só pensa nas ‘t-shirts’, calções e chinelos com que gostaria de trabalhar todos os dias e que passarão a ser a sua roupa diária, caso seja o vencedor e siga para a Austrália.

“Tenho visto que, cada vez menos, tenho a ver com esta área [financeira]. Comecei a viajar há uns anos e, como passo os dias fechado num escritório, comecei a dar mais valor a estar em espaços abertos e à natureza”, confessa.

Queria ser jogador de futebol, como todos os miúdos do seu bairro da zona de Almada – onde sempre viveu.

Mais crescido, e porque desenhava muito bem, pensou em arquitectura, mas a contabilidade acabou por vencer. Ainda assim, aproveita todos os tempos livres: “Pratico boxe amador desde o tempo da faculdade, três vezes por semana, jogo à bola com os amigos, gosto muito de praia, de jantares e convívios em casa com os amigos, e gosto muito de fotografia, o que por vezes é chato para a pessoa que me acompanha”.

A pessoa que o acompanha é Márcia, a namorada com quem, desde há três anos, partilha o seu gosto pelas viagens aventureiras. Desde que estão juntos, já visitaram duas vezes a Tailândia, Vietname, Japão e México.

 Quase sempre de mochila às costas e sem nada marcado, excepto a viagem de avião. E o hotel em Tóquio, “porque o Japão é muito caro e arriscávamos a pagar 400 ou 500 euros por noite se lá chegássemos e não houvesse disponibilidade num sítio barato”, explica.

Nestas aventuras, já lhe aconteceu um pouco de tudo e diz que cada viagem é especial. A que mais o marcou foi, no entanto, “a primeira na Ásia. É uma experiência incrível, porque é tudo diferente. Uma pessoa chega lá e sente-se completamente fora da zona de conforto. A comida é diferente, poucas pessoas falam inglês, é imensa gente na rua, falam muito alto, são super activos, tentam fazer negócio com tudo, é uma loucura”.

Mas não se pense que João Ribeiro se acanhou: comeu larvas (“mas não comi escorpião no espeto nem baratas e escaravelhos fritos”), bebeu sumo com uma palhinha de um saco de plástico (“eles vendem tudo em sacos de plástico”) e até conseguiu fazer compras não percebendo uma palavra do que lhe diziam (“a senhora mostrava-me as notas e eu dava-lhe as notas iguais, era assim que pagava”).

Não tem medo do desconhecido, tem facilidade em conhecer pessoas, gosta muito de falar e, sobretudo, de conhecer novas culturas e experiências. Ao lado da Birmânia, Argentina, Chile e Peru, a Austrália faz parte das suas viagens de sonho: “Sempre quis à Austrália pela imensidão do país que é, pela quantidade de coisas diferentes que pode oferecer. No mesmo país tens deserto, montanha, selva, praia, cidades cosmopolitas, indígenas. É um país que oferece tudo: a possibilidade de ver animais que nunca vi na vida, comer comidas que nunca comi”.

Esse é o desafio. E este contabilista de 31 anos está disposto a largar o fato e a gravata para o agarrar. Dia 15 de Maio saberá se é um dos escolhidos para ir prestar provas à Austrália.

 

Jornal Económico

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