Vasco Cordeiro | Açores devem ter mais benefícios pelo contributo que dão para a relação Portugal-EUA

O Presidente do Governo defendeu hoje, em Boston, Massachusetts, que os Açores têm sido uma parte indispensável na construção da relação entre Portugal e os Estados Unidos da América, devendo ser mais beneficiados pelo contributo que dão para o estatuto de aliados e amigos que une os dois países.

“Os Açores são, desde o início, uma parte integrante e indispensável na construção dessa relação bilateral que deve ser dinâmica e, por isso, também devem beneficiar mais ativamente do estatuto de amigos e aliados que une os dois países ao longo de séculos”, afirmou Vasco Cordeiro.

O Presidente do Governo falava na Massachusetts State House, na sessão solene comemorativa do 35.º Portuguese Heritage Day neste Estado norte-americano, na qual participou como convidado de honra, tendo sido, nesta ocasião, agraciado com a Insígnia ‘Portuguese Heritage Award’.

Segundo Vasco Cordeiro, que foi convidado pelos membros do Caucus Português no Parlamento de Massachusetts, liderado pelo Senador Marc Pacheco e pelo Representante Tony Cabral, existe, por vezes, a tendência para limitar as relações bilaterais entre Portugal e os EUA, nos Açores, à presença norte-americana na Base das Lajes e à sua contribuição, direta e indireta, em termos de emprego e de economia.

“Isso não seria apenas uma perspetiva simplista, mas, acima de tudo, representaria uma negação intencional das potencialidades e oportunidades que podem surgir para a Região e para o país a partir das relações históricas dos Açores com territórios e estados dos EUA”, sublinhou o Presidente do Governo.

Na sua intervenção nesta sessão solene em que foram agraciadas cerca de duas dezenas de personalidades, oito das quais de ascendência açoriana, Vasco Cordeiro preconizou ainda que, nas mais diversas áreas, os Açores não podem ser ignorados ou contornados nesta relação bilateral, particularmente no contexto do Acordo de Cooperação e Defesa de 1995, sendo uma responsabilidade de Portugal promover todas as formas de melhorar o valor estratégico dessa infraestrutura militar.

“Ao longo dos anos, os Açores estabeleceram-se de forma clara e robusta como um ativo na construção da relação política, humana e institucional entre Portugal e os EUA”, salientou o Presidente do Governo, ao deixar claro que este é um relacionamento “forte e importante e, potencialmente, muito frutífero” no futuro.

“Não se deve esperar que esse relacionamento seja monotonamente perfeito”, afirmou Vasco Cordeiro, ao manifestar-se, assim, “confiante e esperançoso” que, da mesma forma que tem sido possível superar os obstáculos deste percurso ao longo dos anos, será possível continuar este caminho conjunto no futuro.

“Sei que o que nos une é, de longe, mais forte, mais profundo e muito mais valioso do que o que, eventual e temporariamente, pode nos dividir”, afirmou o Presidente do Governo.

Nesta sessão solene, Vasco Cordeiro salientou, por outro lado, que o Governo dos Açores está plenamente consciente da importância da diáspora açoriana como elemento-chave na afirmação externa dos Açores e de Portugal no mundo, razão pela qual tem promovido uma estratégia de constante aperfeiçoamento de vários mecanismos de apoio a organizações sociais e culturais, entre outras.

“Mas também pretendemos encorajar um envolvimento mais direto e regular da nossa comunidade no processo de ajudar a definir as prioridades dos Açores para o futuro”, assegurou o Presidente do Governo, ao adiantar que, para isso, o Executivo criou o Conselho da Diáspora Açoriana, órgão consultivo que garantirá a participação, colaboração e consulta dos Açorianos espalhados pelo mundo no projeto de desenvolvimento da Região para os próximos anos.

“A ação deste Conselho centrar-se-á, principalmente, no envolvimento dos Açorianos que residem fora do arquipélago, representando todas as áreas geográficas onde estão presentes, no debate e definição de políticas públicas, com especial ênfase na promoção das relações entre a Região e a diáspora açoriana no mundo”, adiantou.

Segundo disse, os Açores estão a assistir a um novo ciclo de desenvolvimento que deve mobilizar a participação de todos os atores interessados em aproveitar as oportunidades que surgem.

Nesse sentido, apontou o exemplo do turismo, com as dormidas de norte-americanos a crescerem quase 29% em 2017 e 25% em 2018, e com os Estados Unidos a ocuparem, no 1.º trimestre deste ano, o primeiro lugar entre os países que procuram os Açores.

“No campo da ciência, os Açores serão certamente, na próxima década, o mais importante eixo atlântico para o estudo do Mar, Climatologia e Espaço”, referiu Vasco Cordeiro, salientando os exemplos, entre outros, do AIR Center, do Terceira Tech Island, do futuro Space Port de Santa Maria, do Observatório Atlântico, que será instalado no Faial, assim como os parques tecnológicos da Terceira e de São Miguel.

“Num mundo cada vez mais imprevisível, onde as relações internacionais são consideradas como peças de tabuleiro que podem ser facilmente rearranjadas para atender a interesses imediatos, as fundações sólidas e seculares sobre as quais se baseiam as relações entre Portugal e os Estados Unidos não podem ser negligenciadas”, defendeu Vasco Cordeiro, para quem esta “história de sucesso” deve guiar o processo de construção de uma relação entre dois países que se valorizam.

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