Viola da terra é tema central de encontro em Ponta Delgada

A viola da terra é a figura central do I Encontro de Violas Açorianas, que vai analisar a partir de sexta-feira o papel que este instrumento assume em cada ilha dos Açores, segundo o quotidiano das diferentes comunidades.

O encontro, organizado pela Associação de Juventude Viola da Terra, pretende dar a conhecer as diferentes realidades da viola açoriana, desde o seu contexto social até às distintas técnicas de execução.

A viola tem sido, desde o povoamento dos Açores, o grande instrumento de união social, assumindo um lugar de destaque nos festejos, nos bailes, nas cantorias e nos serões, ainda que tenha um papel diferente de acordo com as características próprias de cada comunidade.

Este encontro, que a organização pretende levar depois a todas as ilhas dos Açores, começa na sexta-feira em Ponta Delgada com a realização de uma conferência sobre ‘Violas dos Açores’, culminando no dia seguinte, na Povoação, com um concerto em que atuarão tocadores de cinco ilhas açorianas.

José Serpa (Flores), António Reis (Graciosa), Orlando Martins (Pico), Rafael Carvalho (S. Miguel) e Lázaro Silva (Terceira) são os tocadores de viola da terra presentes neste espetáculo musical.

A viola da terra, também conhecida como viola de arame ou viola de dois corações, é um instrumento semelhante ao violão, mas de dimensões mais pequenas.

Uma das suas características é a existência de dois corações, com as pontas em sentidos opostos ligados por um coração mais pequeno, em vez do buraco existente no tampo.

Este instrumento musical possui cinco parcelas de 12 cordas, sendo afinado do mais agudo para o mais grave nas ilhas dos grupos Central e Ocidental, enquanto no grupo Oriental dos Açores a afinação é feita num tom mais baixo.

No passado, a viola da terra fazia parte do dote do noivo e o seu lugar na casa durante o dia era em cima de uma colcha axadrezada, como adorno do quarto do casal.

A viola era colocada com as cordas para baixo, em contacto com o tecido da colcha para impedir que ganhasse humidade, já que se trata de um instrumento musical muito sensível a variações climatéricas.

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