Voos para a morte

panico-dorSão cada vez mais frequentes os casos de correios de droga que morrem durante a viagem de avião.

 

Um avião da Ibéria que fazia a ligação entre Lima, no Peru, e Madrid, em Espanha, foi obrigado a aterrar em Lisboa, depois de um dos passageiros, com 30 anos, ter tido uma overdose que lhe provocou a morte em plena viagem. O comandante do voo IB6658 – de 6 de Fevereiro – pediu assistência médica para um passageiro que estava com convulsões. Aterrou de emergência na Portela e, mais tarde, a morte viria a ser confirmada.

 

Um mês antes, a 2 de Janeiro, desta vez num avião proveniente de Belo Horizonte, Brasil, um romeno de 26 anos morreu durante a aproximação a Lisboa. Também no final do ano passado, um italiano de 35 anos morreu no aeroporto internacional de Fortaleza depois de uma cápsula com cocaína que transportava no estômago se ter rompido. Estes são apenas alguns dos muitos relatos dos correio de droga (conhecidos por mulas) que introduzem grandes quantidades de estupefacientes – a maior parte cocaína proveniente da América do Sul – por todo o mundo. Em Portugal, os últimos dados de apreensões apontam para mais de 700 quilogramas apreendidos via aérea.

 

Todavia, estes números podem estar muito abaixo da realidade, uma vez que o controlo de passageiros é limitado aos voos regulares e ao número disponível de agentes da Polícia Judiciária (PJ). É que, desde que haja suspeita de que um determinado passageiro transporta droga, é necessário transportá-lo para o hospital (ver caixa) e esperar que a droga seja expelida. O que pode significar mais de 24 horas de espera, envolvendo dois, quatro, oito ou mais agentes da PJ, já que têm de ser substituídos a cada oito horas. Segundo fontes policiais, os voos charter para o México e outros países da América Latina, raramente são controlados.

 
Decisão é do piloto Segundo a TAP, o controlo dos estupefacientes é entregue a outras entidades como a PJ e a PSP. Nos casos de suspeita ou indicação clara de overdose, a empresa confirmou ao i que a decisão de interromper o voo é sempre do comandante do avião. Nestes casos, que acarretam algum perigo para os outros passageiros – há relatos de correios de droga que se tornam violentos -, a ordem costuma ser a de aterrar no aeroporto mais próximo. A TAP não conseguiu precisar o número de voos (seus e de outras companhias) onde ocorreram mortes por ingestão de droga.

 

A empresa ANA – Aeroportos e Navegação Aérea, que faz a gestão do aeroporto da Portela, confirma a morte de um passageiro na viagem entre o Peru e Espanha, mas acrescenta que nestas situações e muitas outras que acontecem do mesmo género, “há articulação entre as polícias e canais definidos para tornar as ocorrências restritas”. A operadora conclui que a intervenção da ANA é residual em processos que envolvem tráfico de droga.

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