Vulcanólogos no Corvo para conhecer melhor história da ilha

Uma equipa de vulcanólogos portugueses e espanhóis chega hoje ao Corvo para estudar a vulcanologia da ilha mais pequena dos Açores, onde ocorreu uma erupção muito violenta que os especialistas ainda não conseguiram datar com precisão.

“Nós sabemos contar a história, mas queremos contar essa história com datas”, afirmou Zilda França, do Departamento de Geociências da Universidade dos Açores, que lidera os investigadores portugueses que chegam hoje ao Corvo.

Zilda França salientou, em declarações à Lusa, que esta missão, que prossegue depois na vizinha ilha das Flores, visa a “obtenção de amostras que permitam fazer uma cronologia, para se ter uma ideia mais concreta dos episódios vulcânicos ocorridos”.

“A ilha tem um grande vulcão central, pode-se mesmo dizer que a ilha é um vulcão. Apesar de ser muito pequena, é muito interessante”, frisou a investigadora, salientando que ali ocorreram erupções submarinas, episódios vulcanológicos “tranquilos” e também uma “erupção muitíssimo violenta”.

A missão no Corvo e nas Flores insere-se num projeto financiado pela Fundação Luso-Americana para o Desenvolvimento (FLAD) que visa a caracterização do vulcanismo do arquipélago dos Açores.

A equipa integra também especialistas espanhóis, liderados por Marceliano Lago, da Universidade de Saragoça, um dos mais importantes investigadores europeus na área do estudo das rochas.

As duas ilhas do Grupo Ocidental dos Açores apresentam “especificidades” relativamente às restantes ilhas do arquipélago, podendo ali ser encontradas caraterísticas que não existem no Pico, em S. Jorge ou em Santa Maria.

Por outro lado, o Corvo e as Flores “estão na placa americana, ao contrário do restante arquipélago, são ilhas que estão do outro lado da Crista Média Atlântica”, o que também lhes confere uma especificidade própria.

A Crista Média Atlântica é uma cordilheira submarina que separa a placa americana, a ocidente, das placas euroasiática e africana, a oriente.

O vulcanólogo Vítor Hugo Forjaz, numa nota enviada à Lusa a propósito desta missão, estima que “a primeira ilha do Corvo deve ter surgido há cerca de 710 mil anos, sendo precedida por intensa atividade submarina”.

A atividade vulcanológica foi evoluindo e culminou com uma grande erupção que originou a formação de uma caldeira de colapso, o conhecido Caldeirão do Corvo.

Segundo aquele investigador, “após um período de repouso, há cerca de 100 mil anos, foi retomada a atividade vulcânica na ilha, constituindo os cones geométricos que se situam na parte sul da ilha, incluindo a fajã lávica onde assenta o atual povoado”, onde vivem cerca de 400 pessoas.

 

Lusa

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