Whale Watching pode ajudar a conservar cetáceos nos Açores

whale-watchingUm consórcio de três empresas prepara juntamente com a Universidade dos Açores um projecto – o Monicet – que se conseguir financiamento para arrancar este ano, levará o Whale Watching a aproveitar as saídas comerciais para a recolha de dados científicos, essenciais para conhecer e preservar as espécies e para dar nome internacional à Região.

Chama-se Monicet – As empresas e o público ao serviço do conhecimento e conservação dos cetáceos dos Açores. Junta em consórcio três empresas de Whale Watching de São Miguel – a Futurismo, a Picos de Aventura e a Terra Azul – e tem como parceiro científico a Universidade dos Açores. A intenção é dar caracter científico a uma actividade que tem surgido apenas associada ao seu factor comercial.

 
O Whale Watching nos Açores tem como grande recurso a passagem de cetáceos pelas ilhas, mas pouco ou quase nada se sabe sobre as suas populações, a sua distribuição geográfica, as suas vias migratórias e o seu estado de conservação. E a ideia do Monicet é juntar aquilo que até agora não tem sido conciliável. As empresas não fazem investigação porque estão centradas nos turistas e a Universidade não investiga porque não tem meios. Com o Monicet, juntam-se os meios das empresas para a recolha de dados no terreno ao conhecimento da Universidade dos Açores, no seu tratamento científico. Ganham as empresas, porque ficarão na posse de dados que podem ajudar no planeamento futuro da sua actividade; ganha a Universidade porque explora uma das áreas onde a sua investigação pode ser uma mais-valia internacional e ganha o Turismo nos Açores, que por essa via poderá oferecer um produto de qualidade, ligado à natureza e com “garantia” científica.

 

O projecto está montado e para passar do papel à prática só precisa de financiamento, algo que os seus promotores esperam que possa surgir da parte do Governo Regional ainda este ano, dadas as potencialidades do Monicet.

 

 

Certificação da actividade será o passo seguinte

O Whale Watching surge como uma evolução do fim da caça à baleia e “os Açores são um dos locais do mundo onde essa transição se fez de uma forma mais pacífica”, afirma Miguel Cravinho, da Terra Azul, uma das empresas de Whale Watching presentes no consórcio Monicet. 
Miguel faz questão de salientar que o Whale Watching não se resume apenas a um passeio de barco.

 

“É acima de tudo, uma oportunidade de educação e uma oportunidade de contacto com a natureza. Ninguém pode amar aquilo que não conhece e o levar as pessoas para o mar, o proporcionar-lhes uma experiência de contacto com a natureza e, ao longo dela, informar as pessoas do que estão a ver e da necessidade da sua conservação, só isso vale muito mais do que uma manifestação em frente ao Governo”, garante.

 
Para Miguel Cravinho, as empresas de Whale Watching nos Açores têm neste momento a necessidade de ter um maior apoio científico.

 

O mundo hoje é global e, uma medida como o aumento das quotas de caça à baleia na Islândia, pode ter uma consequência muito nefasta no Whale Watching nos Açores, pois muitos dos animais que ocorrem na Islândia, podem também passar nas suas migrações pelos Açores. Há, por isso, que ter dados científicos que ajudem a travar a caça à baleia na Europa e é nesse sentido que o Monicet se encaminha.

 

Há 20 anos atrás, quando começou o Whale Watching nos Açores, esta actividade não estava regulada e foram as próprias empresas e a Universidade dos Açores que ajudaram a criar a legislação que enquadra a actividade, com base no que já estava feito a nível internacional e sempre numa perspectiva de aliar a parte empresarial com a parte científica do Whale Watching. Por isso, caminhar também para uma certificação da actividade do Whale Watching nos Açores é um passo que o consórcio quer dar e no qual o projecto Monicet pode ajudar.  
“É muito importante fazer uma monitorização a longo prazo para se saber que espécies passam nos Açores e que evolução estamos a sentir, para que se possa até eventualmente fazer alterações legislativas de forma a conservar e a dar a qualidade que todos precisamos para esta actividade”, afirma Carla Coutinho, da Picos de Aventura, outra das empresas do consórcio.

 

“As empresas deste consórcio e outras que nele queiram entrar têm de ter esta ideia muito presente: temos de dar qualidade a esta actividade, porque é isto que o turista informado que vem cá procura”, conclui Carla Coutinho.

 

 

 

 

Rui Jorge Cabral (in AOriental)

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