“Aumento do crédito vencido nos Açores é inferior ao nacional”

marques-santos-banifEntrevista ao Presidente da Comissão Executiva do Banif, Marques dos Santos, que “desafia” as empresa a procurarem crédito.

 

 

 

Como é que está o banco em termos financeiros no mercado. Houve sinais de algumas dificuldades financeiras?

Hoje,o banco está muito bem. Nós, este ano, já crescemos em crédito cerca de cinco por cento e em depósitos cerca de sete por cento, o que nos dá alguma tranquilidade na nossa actividade creditícia.
O pior momento de liquidez, no último trimestre do ano passado, está ultrapassado.
Estamos numa situação que nos permite crescer ainda mais, se for possível. Só que, neste momento não há, efectivamente, procura de crédito que permita colocar todos os meios financeiros que nós temos disponíveis.

Há mais espaço para o Banif crescer nos Açores?

Não há dúvida que no ano passado, no último trimestre houve dificuldades de liquidez.
O Banif e todos os bancos nacionais procederam a uma grande contenção na concessão de crédito, uma vez que não tinham dinheiro para emprestar. E foram muito selectivos.
Nós não parámos a concessão de crédito, mas fomos mais rigorosos na análise das condições de crédito.Hoje, isso está ultrapassado.
Agora, há de facto uma menor procura de crédito por parte das empresas e particulares.

Esta é uma boa notícia, por exemplo, para as imobiliárias, que se queixam da banca estar a ser demasiado exigente na concessão de crédito?

Não conheço as queixas das imobiliárias, mas eu julgo que não terão razão.
Neste momento nós não fazemos recusas de crédito à habitação. Até gostaríamos de ter mais procura de crédito à habitação.
O que acontece é que há muitas famílias que procuram comprar casa, mas que não têm rendimentos suficientes para cumprir com o serviço da dívida.
E, obviamente, compete aos bancos dizer às pessoas que elas não têm condições.
Acho que as recusas estão a acontecer é nesse contexto.

Igual verdade também para as empresas.As quem têm boas condições não têm dificuldades de crédito. As que têm mais dificuldades, provavelmente terão mais dificuldades para obter crédito.
E às vezes acontece que as empresas estão cheias de mercadorias, não vendem.Este facto dificulta a análise da concessão de crédito.
No entanto, gostaria de salvaguardar o seguinte:compete à banca analisar bem a situação quando as empresas ou particulares têm dificuldades e procurar encontrar uma solução ajustada a este caso.
Se a empresa tem dificuldades momentâneas é uma questão de lhe dar prazo. Com os particulares a mesma coisa.
No caso de um casal que perde o emprego e está em dificuldades, o banco tem interesse em encontrar com o cliente uma situação que se ajuste à sua realidade.
As suas dificuldades podem ser momentâneas e perfeitamente ultrapassáveis com o tempo.
E estamos a encontrar soluções, quer no continente, quer nos Açores ou na Madeira.

Há muitas empresas açorianas em dificuldades?

O aumento do crédito vencido nos Açores é inferior ao resto do país. Evidentemente que há situações concretas, mas é globalmente inferior.
De facto, o plano de investimentos do Governo dos Açores, a longo prazo, até 2013, associado ao facto das empresas das regiões ultraperiféricas viverem muito do investimento público, faz naturalmente com que a economia dos Açores não sofra tanto os efeitos da crise como as outras regiões.

O mesmo aconteceu com a Madeira.Exactamente porque há um plano de investimentos que o país e a União Europeia permitem. Não foram tão sentidos os efeitos da crise, e espero que não se venham a sentir.

Este facto funciona como uma almofada para as regiões autónomas?

Sem dúvida. Aliás, o próprio governo também tomou medidas muito inteligentes e de aplaudir, nomeadamente, a compra de casa aos construtores em dificuldades.
Foi uma forma de resolver o problema.
Resolveu um problema sério ao empresário, que não conseguia vender, deu liquidez, e o empresário vai continuar a sua vida.
Foi uma boa medida para além das linhas de crédito, de saneamento financeiro.Isso tudo ajuda.
in AO
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