O sociólogo João Stattmiller lidera um grupo de cidadãos independentes, apoiados pelo BE, que se candidata às eleições autárquicas de setembro no concelho da Horta, Açores, com a intenção de combater os “clientelismos partidários”.
O candidato, de 40 anos, ex-funcionário das Nações Unidas, esteve mais de duas décadas a viver no estrangeiro, por razões profissionais, e decidiu agora regressar à terra de origem e dar alguns contributos para, afirmou, ajudar a melhorar a qualidade da democracia.
“É necessário despartidarizar a sociedade! Há alguns clientelismos partidários que se sentem! É preciso fazer uma divisão clara entre aquilo que é o Estado, a Administração Pública, e os partidos”, defendeu o candidato apoiado pelo Bloco de Esquerda.
No seu entender, é também necessário “facilitar” a participação dos cidadãos nas tomadas de decisão do município da Horta, gerido há 24 anos consecutivos pelo Partido Socialista, e combater o “medo” que as pessoas sentem em participar em projetos políticos.
“Sente-se um certo medo das pessoas, um certo receio, uma certa apatia e descrédito em relação aos processos democráticos, e é importante que nós tentemos contrariar isso”, explicou.
João Stattmiller promete, ainda assim, fazer uma campanha diferente, “pela positiva”, realçando as potencialidades do único concelho da ilha do Faial e aquilo que de bom foi feito pelos diferentes elencos camarários.
“Queremos uma campanha positiva, olhando para o futuro, não caindo na tentação de gastar tempo e energia na crítica destrutiva e no bota-abaixo”, sublinhou o candidato, que entende que é necessário propor iniciativas “viáveis” que permitam criar “emprego sustentável”, bem-estar social e qualidade devida aos faialenses.
Durante a apresentação da candidatura, no cimo do Monte Carneiro, um dos pontos turísticos do concelho, o coordenador local do Bloco de Esquerda, Mário Moniz, realçou, por outro lado, a “abertura e a disponibilidade” do partido para acolher esta iniciativa.
“É um projeto inédito, que demonstra a capacidade desta organização partidária de colocar em primeiro lugar as pessoas, sem privilegiar critérios e filiação partidária, abdicando mesmo de listas próprias, para se colocar à disposição de um grupo de cidadãos, integrando este projeto sem impor condições”, explicou.
Na ocasião, foi também apresentada a primeira candidata do BE à Assembleia Municipal da Horta, Sílvia Lino, 33 anos, independente, engenheira biotécnica, bolseira no Departamento de Oceanografia e Pescas da Universidade dos Açores, que está envolvida na investigação dos recursos do mar profundo, à procura de “produtos naturais” para o tratamento do cancro.
Lusa
